Com poesia e muita arte envolvida, começaram as comemorações do Dia Internacional da Mulher nos abrigos da Operação Acolhida. Mulheres migrantes e refugiadas nos abrigos geridos pela AVSI Brasil: Rondon 1, Rondon 5 e Waraotuma a Tuaranoko, realizaram artes coletivas que percorreram todos os abrigos para que as beneficiárias expressassem suas ideias, pensamentos e questionamentos sobre este dia através da arte.
O objetivo da atividade foi desenvolver práticas artísticas que ajudassem a refletir e mostrar a história de mulheres migrantes e refugiadas, e suas lutas ao viver um processo delicado como a migração. Colocando assim, a prática artística a favor de experiências transformadoras.
Para Ângela Masulo, Oficial de Proteção de Base Comunitária (PBC) do abrigo Rondon 1, esta atividade buscou homenagear a trajetória das mulheres refugiadas que acordam todo dia com uma vontade enorme de alcançar seus sonhos “acredito que as mulheres têm muito a contribuir para a sociedade, mas, às vezes não encontram como, e através da arte isso pode ser feito. Como mulheres, quando uma de nós não consegue se expressar, cabe a todas nós levantarmos a voz, pelas mulheres que estiveram aqui, pelas que estão e pelas que virão”, explicou.
Como algumas atividades foram realizadas de forma coletiva entre mulheres dos abrigos geridos pela AVSI Brasil. Sandy Smile, assistente PBC, explicou quais as dificuldades encontradas na realização da atividade. “Foi um desafio devido à especificidade de cada abrigo. Por mais que elas sejam do mesmo país, existem costumes que são diferentes. Mas ainda assim, com essas dificuldades, foi possível todas chegarem em um consenso e realizaram a atividade, principalmente do R1 e do R5 que tinham ideias diferentes, mas entraram em concordância pela coletividade”
Entre as atividades expostas no evento gerenciado estão os cartazes produzidos pelas crianças que frequentam a biblioteca do Abrigo Rondon 1. “Foi interessante devido às crianças que ficam na biblioteca serem, geralmente, filhos de mulheres solteiras. Então, incentivar esse tipo de atividade empodera o fortalecimento dos laços entre mãe e o filho”, pontuou Sandy.
Além das pinturas, foram criadas bonecas artesanais com palitos de picolé, visando que as mulheres aprendessem uma nova habilidade que pode se tornar uma renda ou permitir que elas se tornem centros de aprendizagem para outras mulheres de sua comunidade. Norelis Alvarez, refugiada que participou das atividades comunitárias e recitou poesias, comentou que “é muito gratificante ser considerada uma representante das mulheres da minha comunidade. É por isso que hoje peço às mulheres que tirem da cabeça que nós não podemos, porque quando trabalhamos e corremos atrás do que queremos, sempre conseguimos”.
Recorrendo à escrita narrativa -que é o que predomina em um diário-, mulheres abrigadas também contaram anonimamente suas histórias de vida e superação. Permitindo que elas, no Dia Internacional da Mulher, honrem sua trajetória.
As participantes se mostraram muito receptivas às atividades, desenvolvendo ideias maravilhosas através da arte. Durante uma semana, todas as peças passarão pelos abrigos geridos pela AVSI Brasil para que a comunidade possa prestigiar a exposição artística do Dia Internacional da Mulher. Jessica Costa, Assistente de Proteção de Base Comunitária do abrigo Rondon 5 manifestou que “No abrigo temos mulheres que se expressam muito bem através da arte, então elas encontraram uma oportunidade nessa atividade para exteriorizar seus sentimentos e emoções”.
Mulheres e o projeto Acolhidos por meio do trabalho
Para encerrar o Dia Internacional da Mulher, foi realizada a entrega de certificados para mais de 40 mulheres que participaram do curso de português promovido pelo projeto Acolhidos por meio do trabalho, iniciativa implementada pela AVSI Brasil em parceria com o Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM) do Governo dos Estados Unidos, Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), Fundação AVSI e AVSI-USA.
O projeto Acolhidos por meio do trabalho, conta um Centro de Capacitação Educacional – CCE no bairro 13 de setembro em Boa Vista – Roraima, que oferece atividades educacionais voltadas à população venezuelana, visando garantir a sua integração no Brasil. “Como mulher, é gratificante ver outras mulheres sendo capacitadas para um melhor desempenho nas empresas contratadas. Vindo de um país em crise, uma mudança como essa é muito significativa na vida das mulheres que estão se formando hoje” destacou Rafaelly de Queiroz, Supervisora do CCE.