A equipe do projeto Segurança Alimentar para o Semiárido de Pernambuco participou, nos dias 22 e 23 de julho, do lançamento do Manual de Implantação e Manejo do Sistema Bioágua Familiar – Reuso de Água Cinza Doméstica para Produção de Alimentos na Agricultura Familiar no Semiárido Brasileiro. O livro é um lançamento do Projeto Bioágua Familiar que, em 2009, iniciou a implementação de 200 sistemas no Sertão do Apodi.
O evento, realizado no auditório da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), no município de Caraúbas (RN), contou com a participação de representantes de organizações sociais da região Nordeste e de pessoas envolvidas no Projeto Bioágua Familiar.
Fábio Santiago, coordenador técnico do projeto, esteve presente e falou da felicidade e da satisfação em vivenciar o dia do lançamento do Manual. “Percebe-se que hoje é um dia bonito, fruto de uma sistematização e de uma caminhada que todos participaram. É uma construção de conhecimento”, externou.
O manual tem cerca de 200 páginas e apresenta a tecnologia social ao público. O livro reúne textos sobre a função do bioágua familiar e a importância do sistema para a produção de alimentos no semiárido brasileiro, os conhecimentos e conceitos para a formação de quintais produtivos, além das etapas de construção da tecnologia social.
Durante a mesa de abertura, o agricultor Francisco Geraldo Neto, beneficiário do projeto Bioágua Familiar e morador do município de Umarizal (RN), ressaltou a sustentabilidade do Projeto e a importância de uma tecnologia como essa para a região. “Se a gente não colher toda a água que cai do céu ou vem de outras fontes, como adutora ou riacho, a gente não vai conseguir sobreviver. Todas essas tecnologias são importantes e precisamos de todas elas”, afirmou.
Para Juliano Siqueira, secretário adjunto da Secretaria de Assuntos Fundiários e Apoio à Reforma Agrária (Seara), o ganho social que advém a partir dessa tecnologia é fundamental. “O projeto é de uma importância técnica, política e científica fundamental e existe um benefício social essencial nessa caminhada. Técnica por técnica não nos interessa”, frisou. As conquistas sociais são muitas. Com a tecnologia, a família irrigará seu quintal produtivo durante todo o ano e produzirá alimentos para consumo e venderá o excedente em feiras ou na sua vizinhança.
No dia seguinte, todos foram convidados a conhecer experiências de famílias como a da agricultora Sergilândia Luzia da Silva, de 30 anos, que há um ano recebeu seu bioágua, pelo programa Bioágua Familiar. Ela mora com mais duas pessoas em casa, no Assentamento Nova Morada, em Caraúbas (RN), e afirma que a chegada do bioágua foi a melhor coisa que aconteceu na sua vida. “Desde que chegou o bioágua não compro mais verdura e o povo quando chega aqui em casa é sempre uma festa”, revelou.
Além da conversa com os agricultores, os visitantes puderam entender as etapas, desafios e soluções encontradas pela equipe para executar o sistema. Um dos destaques é a metodologia do bioágua escola que consiste em utilizar uma tecnologia já implantada em uma residência para ensinar aos agricultores como se o sistema e que eles possam replicar em seus quintais. Dessa forma, cada família é responsável por construir o seu sistema e se envolver com o processo construtivo.
Adriana Gouveia, responsável pelas obras e mobilização do projeto Segurança Alimentar para o Semiárido de Pernambuco, parabenizou os organizadores do evento pela oportunidade de trocar experiências e pela realização do projeto Bioágua Familiar. “É muito positiva essa troca. Para nós, por exemplo, o Bioágua é uma ferramenta pedagógica para trabalhar a segurança alimentar e nutricional. Estamos entregando 131 bioáguas em Pernambuco e realizamos com as famílias oficinas educativas sobre segurança alimentar e assistência técnica em agricultura e agroecologia voltado aos quintais produtivos. Todos estão convidados a conhecer o bioágua desenvolvido pelo Projeto Segurança Alimentar para o Semiárido de Pernambuco da AVSI Brasil. Será um grande prazer!”, convidou.
Projeto Bioágua Familiar
Para desenvolver o seu modelo de tecnologia que reaproveita as águas servidas para fins agrícolas, a Atos, executora do projeto, contou com o apoio da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Projeto Dom Helder Câmara e Governo Federal, através da Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Ministério do Desenvolvimento Agrário. Todo o Projeto foi financiado pela Petrobras, através do Petrobras Ambiental. O Projeto está sendo finalizado e beneficiou famílias em oito municípios do estado do Rio Grande do Norte: Apodi, Caraúbas, Umarizal, Campo Grande, Olho D’água dos Borges, Janduís, Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado.