Filippo Grandi está no Brasil com o intuito de conhecer a realidade que os venezuelanos vivem
Com objetivo de conhecer o processo e a realidade da migração no Brasil, o italiano Filippo Grandi, Alto Comissário da Agência da ONU para Refugiados, visitou o abrigo Rondon III, localizado em Boa Vista (RR). O local que abriga cerca de 1.050 imigrantes venezuelanos é gerenciado pela AVSI Brasil em parceria com as Forças Armadas Brasileiras e o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, integrando a Operação Acolhida, do Governo Federal.
“Estou impressionado com os esforços de todos –Governo Federal, Governo Local e também da sociedade civil, ONGs, cidadãos – para receber com generosidade os refugiados. Eu vim ao Brasil também para agradecer ao país pela hospitalidade a tantos venezuelanos”, afirma Grandi que, além de Boa Vista, visitou também Brasília e seguiu para Manaus.
O Alto Comissário concluiu uma visita de quatro dias ao Brasil com um apelo urgente por maior engajamento internacional, inclusive por instituições financeiras e agentes de desenvolvimento, nas comunidades que abrigam refugiados e migrantes venezuelanos. “A solidariedade do povo brasileiro com as pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela tem sido exemplar. Mas o impacto sobre as comunidades anfitriãs em estados como Roraima e Amazonas tem sido avassalador”, afirmou Grandi.
“Disseram-me que em algumas comunidades fronteiriças, 40% dos pacientes e 80% das mulheres que dão à luz nos hospitais são da Venezuela. Houve um impacto semelhante na educação, emprego, habitação e serviços sociais. É vital que os esforços das autoridades nos níveis federal, estadual e municipal, bem como da sociedade civil, grupos eclesiais e brasileiros em geral, sejam adequadamente apoiados pela comunidade internacional. A população local tem estado na vanguarda da resposta às necessidades dos refugiados e migrantes venezuelanos. Eles não devem ser deixados sozinhos”, concluiu Grandi.
A visita de Filippo Grandi a Roraima está inserida em um roteiro para perceber a situação dos países da América Latina que estão recebendo migrantes e refugiados venezuelanos.
No abrigo Rondon III, Filippo Grandi foi acompanhado por cerca de 40 pessoas, entre colaboradores da AVSI Brasil, membros do ACNUR, jornalistas que participaram da coletiva de imprensa do local, além dos beneficiários venezuelanos.
Operação Acolhida
A Operação Acolhida trabalha para responder ao crescente fluxo de venezuelanos em busca de proteção internacional ordenando a fronteira e o controle do fluxo migratório através do registro de migrantes em Pacaraima (RR); gerencia também centros de acolhida onde os refugiados são assistidos pelo Exército, ACNUR e organizações da sociedade civil parceiras, como a AVSI Brasil; e ordena a realocação voluntária (interiorização) para diversas cidades do Brasil.
Existem mais de 180 mil refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil, segundo as Nações Unidas. Uma média de 500 pessoas chegam diariamente – a maioria precisando urgentemente de assistência humanitária – no estado de Roraima, no norte do país, que está geograficamente isolado do resto do país e tem a menor renda per capita e poucas oportunidades econômicas.
Segundo a Polícia Federal, grande parte dos venezuelanos que procuram refúgio no Brasil residem em Roraima, seguido por São Paulo e Amazonas. De acordo com a plataforma R4V, o Brasil é o 6º país que mais recebe venezuelanos na América do Sul, atrás da Colômbia, Equador, Peru, Chile e Argentina.
Em Boa Vista, a AVSI Brasil gerencia cinco abrigos: Rondon I, II e III, São Vicente e Latife Salomão, e um abrigo em Pacaraima, o BV8. Com uma equipe de 73 colaboradores, cerca de 4.040 refugiados venezuelanos são beneficiados diariamente nos abrigos.