Anuncio

Agricultura Sustentável e Cidade Inclusiva: coletivo Camponesas do Lavrado

O projeto Boa Vista Acolhedora impulsiona a agricultura familiar liderada por mulheres, promovendo inclusão e sustentabilidade em comunidades urbanas e rurais.

A atuação da AVSI Brasil no tema de Cidades Inclusivas e Resilientes promove o desenvolvimento urbano sustentável há mais de três décadas, trabalhando na promoção de cidades inclusivas, seguras e fortes. Através de uma variedade de estudos, projetos e ações sociais, a organização tem experiência na elaboração de planos integrados que visam a inclusão social, a mitigação e adaptação às mudanças climáticas, bem como a resiliência em diferentes contextos urbanos. Além disso, os projetos abrangem desde pesquisas socioeconômicas até o georreferenciamento de informações para a regularização fundiária, contribuindo para o desenvolvimento e aprimoramento das comunidades urbanas, periurbanas e rurais em todo o país.

Inserido nesse eixo de atuação está o projeto Boa Vista Acolhedora: Um modelo de economia circular, regenerativa e inclusiva, com atuação em Boa Vista (RR). A iniciativa é financiada pela União Europeia, com apoio da Fundação Banco do Brasil, e tem como parceiros para seu desenvolvimento: Fundação AVINA, Escola Agrícola Rainha dos Apóstolos, Prefeitura Municipal de Boa Vista/RR, Pacto Global – Rede Brasil, Operação Acolhida e Agência da ONU para Refugiados – ACNUR.

O Boa Vista Acolhedora busca criar uma agenda pública voltada para a economia circular, regenerativa e inclusiva, especialmente para venezuelanos e brasileiros em situação de vulnerabilidade, trabalhando em colaboração com a sociedade civil, empresas e poder público. Suas ações abrangem desde o fomento ao conhecimento e acesso a tecnologias até a implantação de uma experiência-piloto de práticas inovadoras no setor agroalimentar.

Entre os beneficiários do projeto está o Coletivo Camponesas do Lavrado, que surgiu dentro da iniciativa Agroecologia nos Municípios, promovida pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Por meio da agricultura familiar, o Coletivo Camponesas do Lavrado promove acesso a alimentos de qualidade de base agroecológica, cultivados em roças próprias, sem o uso de qualquer tipo de agrotóxicos e de forma sustentável. Esses alimentos, além de serem incorporados no cardápio das famílias, mitigando impactos de insegurança alimentar, são revertidos em renda para as agricultoras, promovendo assim a alimentação saudável e o combate à fome e desigualdades, autonomia financeira e protagonismo feminino.

O Coletivo Camponesas do Lavrado é formado por quatro mulheres. A primeira delas é Marinalva, maranhense da cidade de Imperatriz (MA) e moradora de Boa Vista há mais de 30 anos. Ela e sua família migraram para Roraima em busca de melhores condições de vida. Marinalva é a atual presidente da Associação de Mulheres Agricultoras em Boa Vista. Recebeu suas terras, o Sítio 4 Irmãos, por meio da reforma agrária e, em 2013, ingressou na área de agroecologia. A segunda camponesa é Miriam, também maranhense de Monção. Miriam mora em Boa Vista desde os cinco anos de idade, é mãe de dois filhos e iniciou a vida no campo em busca de melhor qualidade de vida para sua família. Influenciada pelo coletivo, Miriam, primeira da família a cursar uma faculdade, está atualmente cursando Agroecologia na Universidade Federal de Roraima.

Edileusa, também de Monção, é a terceira componente do coletivo. Ela chegou ao estado ainda criança em busca de melhores condições de vida. Em 2005, Edileusa foi assentada em um projeto de reforma agrária e, a partir daí, iniciou sua vida no Sítio Buscapé, tendo como referência a agroecologia desenvolvida em sua terra natal, no Maranhão. Mesmo sem saber exatamente o significado do termo, ela entendia o contexto e começou a colocá-lo em prática. Edileusa é mãe de Adriane, técnica em agropecuária e quarta componente do coletivo. Adriane é responsável pela parte técnica, dando todo o suporte necessário para que o coletivo alcance suas metas e objetivos.

O coletivo funciona de forma colaborativa: cada camponesa desenvolve sua roça, com o plantio diversificado. Uma vez por semana, , elas colhem os produtos e montam as cestas que serão comercializadas s  na Universidade Federal de Roraima para os ‘coagricultores’ , como são denominados os consumidores que assumiram o compromisso de efetivar o consumo,  ou  consumidores responsáveis. Nessa iniciativa, as pessoas têm a oportunidade de adquirir produtos agroecológicos e orgânicos diretamente da agricultura familiar, eliminando intermediários. Desta forma contribuem para o fortalecimento dos princípios fundamentados na Economia Solidária como autogestão, democracia, solidariedade, cooperação, respeito à natureza, comércio justo e consumo solidário.

As cestas fornecidas pelas camponesas aos consumidores incluem produtos cultivados em cada uma das roças e variam de acordo com a época do ano. Nas cestas, os produtos agroecológicos e orgânicos variam entre frutas, legumes, ervas e PANCS (Plantas Alimentícias Não Convencionais).

“Vejo o grupo Camponesas do Lavrado como uma inovação. A partir do momento em que outras pessoas enxergarem através dos nossos olhos, as coisas serão totalmente diferentes. Essas três mulheres já construíram muitas coisas e, com mais apoio, conseguiremos fazer muito mais”, afirma Adriane. “Hoje em dia, conseguimos notar uma diferença, pois há mais pessoas curiosas, querendo saber sobre o nosso trabalho e o que estamos fazendo. Há dois anos, quando iniciamos com o projeto, as pessoas desacreditavam. Hoje em dia, até as pessoas que são acostumadas com a agricultura convencional já estão olhando com novos olhos para a agricultura orgânica e sustentável”, complementa Miriam.

Beneficiado pelo projeto Boa Vista Acolhedora, o coletivo desenvolveu a técnica de canteiro suspenso protegido para enfrentar as mudanças climáticas e solucionar problemas que prejudicavam a produção. Cada camponesa recebeu apoio financeiro  para a instalação  do canteiro suspenso e coberto,  plantio e  e cultivo, diminuindo os efeitos adversos dos períodos de altas temperaturas, comum na região  e das  fortes chuvas, evitando assim que a redução da  produção causada pelos efeitos do clima.

O coletivo, formado totalmente por mulheres, está diretamente alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da agenda 2030 da ONU, especialmente com as metas da ODS 2: Fome Zero e agricultura sustentável, mais especificamente na Meta 2.3, que visa aumentar a produtividade agrícola, a renda de pequenos produtores de alimentos, particularmente de mulheres e agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, visando tanto o autoconsumo quanto o seu desenvolvimento socioeconômico.

Além disso, o projeto Boa Vista Acolhedora agrega os ODS: 1- Erradicação da Pobreza, 2- Fome Zero e Agricultura Sustentável, 5- Igualdade de Gênero, 8- Trabalho e Crescimento Econômico, 10- Redução das Desigualdades, 11- Cidades e Comunidades Sustentáveis, 12- Consumo e Produção Responsável, 13- Ação contra a Mudança Global do Clima e 17- Parcerias e Meios de Implementação.

Clique Aqui e acesse ao Balanço Social 2023