A AVSI Brasil é uma organização brasileira, sem fins lucrativos, que atua desde 2007 para contribuir na melhoria das condições de vida de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade ou emergência humanitária, dando-lhes ferramentas para o protagonismo de seu próprio desenvolvimento, de sua família e comunidade, por meio de projetos sociais em diversas áreas.
É assim que, movida pelo intenso e desordenado fluxo de deslocamento de venezuelanos à fronteira com o Brasil, a AVSI Brasil, em parceria com Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), chega a Roraima para apoiar a resposta humanitária da Operação Acolhida.
Atualmente, as ações da organização incluem o gerenciamento de cinco abrigos localizados em Roraima, sendo três localizados em Boa Vista e dois em Pacaraima, dentre estes, dois específicos para a população indígena, um em cada cidade. Para além da gestão de espaços de acolhida, a AVSI Brasil, em outras parcerias, viabiliza a interiorização de venezuelanos; promove a qualificação de mão de obra através de cursos profissionalizantes; garante o acesso a direitos às crianças e adolescentes que ingressam no Brasil desacompanhados, separados ou indocumentados; promove boas práticas intersetoriais de economia circular, inclusiva e regenerativa, e apoia as políticas e programas de Primeira Infância na capital do estado.
Dentro dos abrigos da Operação Acolhida, gerenciados pela AVSI Brasil, cada um dos setores que trabalham na resposta humanitária para refugiados e migrantes venezuelanos executa atividades específicas e integradas que garantem a eficiência do trabalho realizado desde a fronteira à capital Boa Vista.
Para a gerente operacional, Ana Carolina França, o sucesso da resposta à crise humanitária é fruto de uma soma de esforços multinível, sendo a AVSI Brasil um parceiro estratégico por atuar em diferentes frentes. “Atualmente o nosso trabalho compreende desde a recepção na fronteira à integração no destino final. Dentre os nossos serviços estão a pré-documentação nos postos de triagem, abrigamento nos centros de acolhida e oportunidades de interiorização para outras regiões do país. O trabalho desenvolvido pela AVSI em prol dos refugiados e migrantes reflete a própria missão institucional de reconhecer a pessoa como a protagonista do seu próprio desenvolvimento nessa trajetória que se inicia no Brasil.
Para que os abrigos funcionem de forma efetiva, o trabalho é dividido em diferentes setores, são eles: Coordenação, Registro e Gestão de Dados, Proteção, Proteção de Base Comunitária, Soluções Duradouras e Distribuição e logística.
Coordenação
A coordenação assume uma figura de mediação entre a equipe, comunidade e organizações parceiras. É o setor responsável por liderar as ações dentro do abrigo e garantir que as atividades propostas pelas equipes sejam cumpridas. Além disso, também cabe à coordenação desenvolver estratégias e orientações para atender às necessidades da comunidade e dos parceiros, incluindo, se necessário, a mediação de conflitos e o alinhamento, passos esses primordiais para que todos os setores funcionem em harmonia.
A equipe de pré-documentação e registro é referência para coleta de dados (ProGres) e apoio na regularização migratória de refúgio nos Postos de Interiorização e Triagem (PITRIGs). Nos abrigos, garante a atualização, organização e gestão dos dados dos refugiados e migrantes residentes nos abrigos geridos pela AVSI, principalmente a partir da ferramenta ProGres do ACNUR, principal sistema de gestão dos espaços. Para além disso, acompanha os fluxos de deslocamento e/ou transferências para/entre abrigos de Boa Vista e/ou Pacaraima.
“O registro deve estar a par da quantidade de pessoas que vivem nos espaços de acolhida e sempre atualizar o fluxo de entrada e saída, assim como monitorar o processo de transferência de refugiados e migrantes para outros abrigos”. Comenta Lauana Menezes, Oficial de Registro e Gestão de Dados.
Proteção
Este setor é responsável pelo atendimento individualizado aos refugiados e migrantes com a finalidade de prover orientações sobre a legislação brasileira, direitos e deveres no Brasil e de acesso à rede pública de saúde, educação, assistência social e justiça.
Nesse sentido, a proteção é responsável pela gestão individual de casos e referenciamento para as autoridades competentes, especialmente no que concerne aos perfis mais vulneráveis. As principais temáticas de atuação nos abrigos são a defesa da infância, o combate à violência baseada em gênero, a assistência a idosos, além do suporte aos casos de saúde em conjunto com os demais parceiros.
A equipe também está encarregada de trabalhar de forma integrada com as outras unidades na execução de atividades preventivas, redução de conflitos comunitários e encaminhamentos para documentação no PITRIG.
Proteção de Base Comunitária
Responsáveis por idealizar e executar atividades em conjunto com a comunidade, atuando principalmente, por meio de comitês de trabalho, grupos focais e ações de comunicação com a comunidade.
Os comitês, estruturados por beneficiários que se candidatam voluntariamente, apoiam nas diferentes áreas do abrigo, que vão desde a limpeza à alimentação. Estes estão divididos nas seguintes seções: limpeza, saúde, cultura, infraestrutura, registro, comunicação, carpintaria, esporte e educação, entre outros.
Estes comitês são constantemente renovados, para dar oportunidade a todos os beneficiários e recebem treinamentos com o objetivo de promover o aprimoramento dos participantes para que suas atividades sejam realizadas de forma eficiente.
Já os grupos focais são criados para desenvolver um trabalho de prevenção mais aprofundado, utilizando uma abordagem de Idade, Gênero e Diversidade. Os grupos focais que são desenvolvidos de forma mais frequente nos abrigos são: Gestantes e Lactantes, Idosos, Mulheres, Comunidade LGBTQIA+, Homens, Pessoas com Deficiências e Adolescentes.
Soluções Duradouras
Este setor é responsável por trazer aos abrigos iniciativas de desenvolvimento profissional (como cursos profissionalizantes e capacitações), oportunidades de trabalho e projetos visando a empregabilidade. Trabalha principalmente com sessões informativas e rodas de conversa sobre os temas já mencionados e também sobre Interiorização, que, atualmente é a principal estratégia de solução duradoura da Operação Acolhida.
O objetivo deste setor é promover a autonomia da população para que seja possível a saída dos abrigos de forma segura e duradoura. “Nos abrigos trabalhamos com a emissão de currículos, carteiras de trabalho, e outros meios que possam proporcionar autonomia ao refugiado, tendo como partida a integração no mercado de trabalho”, destacou Juliete Santos, assistente de Meios de Vida.
Distribuição e logística
A equipe de Distribuição e Logística é responsável por gerenciar o controle e logística de distribuição dos NFI’s (item ou produtos não alimentares), como material de higiene pessoal e limpeza geral, à comunidade acolhida nos abrigos. Além disso, atualiza as diversas planilhas de monitoramento das atividades diárias dos abrigos, como a de distribuição das refeições e balanço dos itens armazenados em estoque.
Com o bom funcionamento de todos os setores que compõem a gestão dos abrigos, a rotatividade e integração dos refugiados na sociedade de acolhimento é facilitada. A AVSI Brasil, juntamente com seus parceiros, pretende oferecer melhores condições de vida e acesso aos direitos básicos e humanos para a inserção do refugiado em sua nova vida.
