“É neste espaço, em um dos cenários de sofrimento do mundo atual, que os migrantes e refugiados aparecem como sujeitos emblemáticos de uma exclusão. A AVSI não termina sua missão ali na emergência, mas faz dela o primeiro passo para revelar e realizar sua meta, que é a promoção dessas pessoas rumo a sua autonomia”, afirma Rosita Milesi, representante do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), sobre o trabalho da AVSI Brasil realizado em Roraima.
Em geral, a emergência humanitária é fruto de uma crise – de face política, econômica, social, ambiental, por exemplo – que gera o deslocamento de grandes grupos de pessoas em busca de condições de sobrevivência. As crises humanitárias causam privações de recursos básicos para o ser humano, como alimentação, água e moradia.
Em 2018, a instabilidade política, econômica e social instaurada na Venezuela motivou a comunidade internacional ao reconhecimento de uma das maiores crises humanitárias do planeta. Milhares de venezuelanos saíram do país em busca de reconstruir uma nova vida em países vizinhos, incluindo o Brasil, que faz fronteira com o território venezuelano a partir da cidade de Pacaraima, em Roraima.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o Brasil é o quinto maior anfitrião de venezuelanos deslocados no mundo. De acordo com o último relatório mensal de Roraima, fornecido pela Agência, desde maio de 2018 até setembro de 2020, mais de 25 mil pessoas foram abrigadas em Roraima, sendo 142.897 registradas como refugiadas e migrantes. Ao todo, 43.994 pessoas já foram interiorizadas para outros estados do Brasil pelo programa Operação Acolhida, desde 2018.
Nossa atuação
A AVSI Brasil atua diretamente com o impacto da crise humanitária da Venezuela no Brasil, contribuindo com a Operação Acolhida, força-tarefa humanitária coordenada pelo Governo Federal com o apoio de agências da ONU.
“Após décadas de atuação no desenvolvimento, fomos provocados a atuar na emergência humanitária e, fieis a nossa missão, que coloca no centro a pessoa, atuamos com todas as energias disponíveis contribuindo para criar lugares onde os migrantes e refugiados pudessem ser acolhidos, cuidados e apoiados para iniciar um percurso árduo de integração socioeconômica no Brasil”, destaca o diretor-presidente da AVSI Brasil, Fabrizio Pellicelli.
A atuação começou em junho de 2018, por meio do projeto de Gestão de Centros de Recepção e Assistência à População Venezuelana em Roraima, com o objetivo de contribuir para o acesso a serviços básicos e respeito aos direitos humanos da população venezuelana em busca de acolhida, através da gestão de 3 abrigos na cidade de Boa Vista.
De lá para cá, o projeto cresceu e, atualmente, a AVSI Brasil conta com cerca de 200 colaboradores atuando no gerenciamento de oito dos trezes abrigos da Operação Acolhida existentes em Roraima, que acomodam cerca de quatro mil venezuelanos.
“É muito bonito ver que os colaboradores da AVSI não estão apenas trabalhando por dinheiro, mas também para apoiar os venezuelanos. Isso me motiva, não apenas a colaborar, mas a buscar soluções para meus problemas diários, junto com minha família”, ressalta a venezuelana Yasmin Carolina Escalona, beneficiária em um dos abrigos.
De outubro de 2018 e março de 2019, foi realizado o projeto piloto de Interiorização para o trabalho, direcionado à inserção socioeconômica dos venezuelanos, a partir da migração voluntária para outras cidades no Brasil. A integração socioeconômica implica uma parceria multissetorial que envolve atores públicos locais, sociedade civil e setor privado.
Atualmente, a interiorização voluntária para diferentes cidades brasileiras acontece em parceria com o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), a Fundação AVSI, a AVSI-USA e conta com financiamento do Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM) do Governo dos Estados Unidos, com o projeto Acolhidos por Meio do Trabalho.
Contemplando crianças de 0 a 6 anos, gestantes e famílias brasileiras e venezuelanas, também é realizado o projeto Scale-Up Urban 95 – Boa Vista, em parceria com a Fundação Bernard van Leer, Prefeitura de Boa Vista e a Fundação AVSI, com o objetivo principal de apoiar políticas e programas de Primeira Infância em Boa Vista, consolidando um modelo operacional sustentável para ampliar a utilização de espaços públicos e promover melhorias na mobilidade.
“Tem sido muito gratificante colaborar no Projeto Scale Up Urban 95 – Boa Vista, e principalmente, a experiência de trabalhar com organizações tão diferentes, em um projeto multissetorial e interdisciplinar”, destaca a gerente do projeto, Joana Schettino.
Além disso, junto com a UNICEF, a AVSI também colabora com a proteção de crianças e adolescentes que ingressam no país sem a presença de responsáveis, por meio do programa de Proteção Integral a Crianças e Adolescentes Desacompanhados e Separados. Mais de 2 mil crianças já foram atendidas em Boa Vista e Pacaraima.
Agenda 2030
Através das iniciativas e projetos desenvolvidos em Roraima, voltados exclusivamente para o acolhimento, regularização e interiorização de venezuelanos, a AVSI Brasil contribui para nove Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da Agenda 2030 das Nações Unidas, sendo eles:
- Erradicação da pobreza;
- Saúde e bem-estar;
- Educação e Qualidade;
- Igualdade de gênero;
- Água potável e saneamento;
- Trabalho descente e crescimento econômico;
- Redução de desigualdades;
- Cidades e comunidades sustentável;
- Parcerias e Meios de implementação