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IPUMIRIM (SC) RECEBE GRUPO DE REFUGIADOS E MIGRANTES VENEZUELANOS PARA TRABALHAR NA CIDADE

Interiorização foi realizada por organizações parceiras do projeto Acolhidos por meio do trabalho, gerenciado pela AVSI Brasil

Este final de ano será especial para um grupo de migrantes e refugiados venezuelanos que estavam abrigados em centros de acolhimento da Operação Acolhida, em Boa Vista (RR). 21 deles passaram por um processo seletivo, aberto por uma indústria frigorífica da cidade de Ipumirim, região oeste de Santa Catarina, e foram interiorizados junto com suas famílias, para morar na cidade e reconstruir suas vidas no Brasil, a partir de oportunidades de trabalho. O grupo integra 29 pessoas no total, incluindo crianças.

A oportunidade de emprego surgiu a partir de uma seleção lançada pela JBS unidade de Ipumirim, para migrantes em Roraima. A ação contou com uma parceria entre o Serviço Jesuíta para Migrantes e Refugiados (SJMR Brasil) e a AVSI Brasil, que implementa o projeto Acolhidos por meio do trabalho. Além da interiorização, o projeto também prevê o acompanhamento de um assistente social por três meses para todo o grupo, com o objetivo de facilitar a adaptação junto à população local, o diálogo com a empresa e a permanência dos contratados no novo ambiente de trabalho.

Os novos contratados começam as atividades ainda neste mês, após uma integração entre os funcionários. Eles já concluíram todas as etapas do processo seletivo e estão com as documentações e vacinas em dia. A empresa também vem adotando todas as medidas preventivas contra a Covid-19 em seu quadro de colaboradores, como controle de higienização, uso de máscaras, aferição de temperatura diária.

A acomodação do grupo foi organizada pela empresa contratante, que realiza um programa interno de moradia e oferece um aluguel diferenciado para funcionários que se deslocam de outras regiões para morar na cidade, a partir de um contrato de trabalho – com o desconto em folha, no valor de 110 reais por mês. O restante do aluguel é pago pela empresa. Segundo Patricia Locatelli, coordenadora de RH na empresa, e que recepcionou o grupo na cidade, foi realizada uma campanha de doação local, que também oportunizou a entrega de kits de higiene e limpeza e utensílios domésticos, além de cestas básicas para todo o grupo.

Para Evandro Borre, gerente da unidade de Ipumirim, a inclusão de imigrantes na empresa proporciona um alento na busca por vencer a fase pandêmica. “O momento é extremamente desafiador para o ramo frigorífico. As tendências de disponibilidade de mão de obra estão mostrando ascensão à dificuldade de suprir as vagas geradas pelos afastamentos, faltas e desistências”, explica. Esta rotatividade, segundo o gerente, é gerada principalmente porque as pessoas querem estar mais próximas de suas famílias e pelo aquecimento do mercado de trabalho.

“A contratação dessas famílias venezuelanas não só representa um efeito compensatório, como alimenta a alma. Ver no olhar das crianças a esperança brotando, não tem preço. Nosso compromisso social é gigante e precisamos acolher essas pessoas de forma especial. Garantir que se integram a sociedade. Garantir que aconteça uma integração profissional de proximidade, que se sintam parte fundamental nas equipes, e acima de tudo, que realmente se sintam realizados, felizes, fornecendo a sí e a seus familiares uma vida digna e justa”, considera o gerente.

Evandro também destaca que imigrantes e refugiados já tiveram nas suas vidas momentos de muita tristeza e dificuldades em todos os sentidos. “Estamos aqui para garantir que isso não aconteça mais a nenhum deles. Queremos que essas famílias estejam junto de nós, e nós juntos deles. Garantir um futuro promissor a cada um deles, que as crianças tenham uma realidade nova e que sejam plenamente felizes”, completa.

O projeto

Acolhidos por meio do trabalho é implementado pela AVSI Brasil e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), com o envolvimento da Fundação AVSI e AVSI-USA e financiado pelo Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM) do Governo dos Estados Unidos. 252 venezuelanos já foram interiorizados de Roraima, desde o início do projeto, 146 deles para realizar atividades laborais entre os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e no Distrito Federal. Os outros 106 são integrantes familiares.