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Na linha de frente da ajuda: vidas e desafios no Dia Mundial Humanitário

No Dia Mundial Humanitário, a AVSI Brasil compartilha relatos de trabalhadores que se dedicam a acolher, proteger, promover e integrar refugiados e migrantes

No Dia Mundial Humanitário, a AVSI Brasil compartilha relatos de trabalhadores dedicados a acolher, proteger, promover e integrar refugiados e migrantes. Há seis anos na linha de frente da Operação Acolhida — resposta humanitária ao fluxo venezuelano, coordenada pelo Governo Federal em parceria com agências das Nações Unidas, Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Organização da Sociedade Civil e a Força Tarefa Logística Humanitária — a AVSI desempenha um papel crucial na gestão de abrigos, suporte nos Postos de Triagem (PTRIG), proteção integral de crianças e adolescentes, além de iniciativas relacionadas à primeira infância, capacitação e integração.

Esta missão está profundamente alinhada com os princípios do Dia Mundial Humanitário, celebrado hoje, 19 de agosto, que ressalta a importância dos esforços globais para auxiliar pessoas em situações de vulnerabilidade.

Neste dia, homenageamos a coragem e a dedicação dos trabalhadores humanitários em todo o mundo, enquanto reforçamos a necessidade contínua de apoiar comunidades vulneráveis por meio de iniciativas sustentáveis e humanitárias.

Proteção e Acolhimento: a missão humanitária de Yuneisys Briceño

Trabalhadores humanitários como Yuneisys Briceño estão na linha de frente da proteção de pessoas nos abrigos. Para Yuneisys, o trabalho da AVSI vai além de prover um abrigo físico: trata-se de oferecer acolhimento e escuta.

“Nosso papel na proteção é tentar aliviar o sofrimento dessas pessoas por meio de um acolhimento empático e uma escuta humanizada, identificando em conjunto suas necessidades mais urgentes. A partir disso, orientamos sobre seus direitos e responsabilidades no território brasileiro, fornecendo as ferramentas necessárias para que possam acessar esses direitos e serviços, envolvê-los ativamente em seu processo de adaptação e autonomia, sendo protagonistas do seu próprio desenvolvimento”, destacou a colaboradora.

O impacto deste trabalho é evidente nos números alcançados pela equipe de proteção da AVSI. No ano passado, foram realizados mais de 5 mil atendimentos de casos de média e alta complexidade, além de 145 encaminhamentos relacionados à violência de gênero e mais de 200 pessoas assistidas em questões de proteção à infância.

Pontes de comunicação: Nádia Silveira e a proteção de base comunitária no Janokoida

A mais de 200 km de Boa Vista, na cidade fronteiriça de Pacaraima (RR), a AVSI Brasil gerencia dois abrigos: o BV8, um alojamento de trânsito com capacidade para até 2.000 pessoas, e o Janokoida, um abrigo indígena que acolhe 462 refugiados e migrantes, cujo nome significa “Casa Grande” em Warao.

Para garantir o funcionamento eficaz dos abrigos, o trabalho é dividido em setores essenciais – incluindo Coordenação, Proteção, Registro e Gestão de Dados, Proteção, Proteção de Base Comunitária, Soluções Duradouras, Distribuição e Logística – e conta com a coordenação militar para infraestrutura, segurança e logística.

No abrigo Janokoida, a colaboradora Nádya Silveira, Oficial de Proteção de Base Comunitária (PBC), descreve o papel da PBC como uma ponte entre a equipe e a comunidade acolhida. “PBC é como um intérprete das demandas e expectativas da comunidade, traduzindo para nossa equipe para que possamos oferecer uma melhor resposta”, explica Nádya.

Essa função de “ponte” envolve comunicação entre diferentes setores e uma escuta atenta das necessidades dos migrantes. “A proteção comunitária é criar vínculos. Essa é a parte mais importante do meu trabalho”, afirma Nádya.

Nádya compartilha que sua rotina no abrigo é moldada pelas necessidades da comunidade.

“Você cria sua rotina, mas junto com as demandas da comunidade”, diz ela. Em constante contato com a população indígena, destaca a importância da comunicação direta com as lideranças comunitárias e a mediação de questões internas.

Nádya lembra com carinho de várias experiências marcantes. Em abril, durante a comemoração do Dia dos Povos Indígenas, ela viu as cinco etnias (Warao, Pemon, E’ñepa,  Kariña e Wayuu) presentes no abrigo se vestirem culturalmente pela primeira vez, expressando gratidão em suas línguas nativas: “Foi incrível participar desse resgate cultural e ser chamada para dançar com eles”. “Você não está sozinho. Nem o humanitário, nem a pessoa que chega. Nossas posições não são fixas; um dia acolhemos, no outro podemos ser acolhidos”, conta.

Integração Socioeconômica: o impacto do projeto ‘Acolhidos por Meio do Trabalho’

O projeto “Acolhidos por Meio do Trabalho” busca facilitar a integração, por meio da interiorização voluntária de refugiados e migrantes venezuelanos para cidades brasileiras onde existem oportunidades de trabalho para garantir inclusão social e econômica, além de capacitação e acolhimento temporário na Casa Bom Samaritano.

Jéssica Monteiro, coordenadora do projeto, compartilha sua visão sobre o impacto do trabalho humanitário. “Muito além do alívio do sofrimento humano, o trabalho humanitário promove impacto positivo na sociedade e na vida das pessoas. Isso inclui desenvolvimento de habilidades, melhoria das condições de vida, promoção de um ambiente mais acolhedor e apoio para que essas pessoas visualizem um futuro melhor”, explica Jéssica.

Por meio do projeto Acolhidos, a AVSI Brasil auxilia na seleção de candidatos para vagas de emprego, oferece até três meses de moradia para os selecionados e suas famílias e fornece assistência social nos municípios de destino. Essa abordagem não apenas facilita a adaptação dos venezuelanos à nova comunidade e ao ambiente de trabalho, mas também contribui para a integração bem-sucedida e a permanência no novo local.

O projeto também apoia os abrigos de Roraima com o fornecimento de equipamentos de proteção e produtos de limpeza para apoio na manutenção e higiene dos espaços.

Garantindo o futuro: Ayrton Xavier Paiva e a proteção de crianças e adolescentes

A proteção à infância UASC (da sigla em inglês “Crianças Desacompanhadas e Separadas”) busca garantir acesso a cuidados adequados, documentação e oportunidades para um futuro melhor de crianças e adolescentes separados ou desacompanhados. Ayrton Xavier Paiva, Assistente de Proteção I, exemplifica o impacto do trabalho humanitário tanto para os trabalhadores quanto para os beneficiários.

Venezuelano, mas com nacionalidade brasileira, Ayrton encontrou no trabalho humanitário uma forma de retribuir à sociedade que o acolheu e com a qual compartilha suas raízes. “O trabalho humanitário é parte essencial da minha trajetória e cada dia é uma nova chance de fazer a diferença. Contribuímos para a construção de uma sociedade mais acolhedora e equitativa, onde cada pessoa tem a chance de reconstruir sua vida com dignidade,” afirma Ayrton.

Assim como Ayrton, que encontrou no trabalho humanitário uma oportunidade de retribuir à sociedade que o acolheu e fortaleceu suas raízes, muitos refugiados e migrantes que chegam aos abrigos administrados pela AVSI também buscam um novo começo. Entre eles, Raul Antonio Páez, após cinco meses de dedicação e apoio nos comitês do abrigo Rondon 1, prepara-se para reescrever sua história no Mato Grosso do Sul. “A equipe da AVSI me acolheu com respeito e carinho, me proporcionando suporte necessário para contribuir e me sentir útil. Sou imensamente grato. No Dia Mundial Humanitário, deixo meu sincero agradecimento a todos que fizeram parte dessa trajetória,” reflete Raul.

A história de Raul Antonio Menas Páez é uma das muitas que emergem do trabalho da AVSI Brasil em Roraima. Em cada abrigo, em cada posto de triagem e em cada programa de integração, vidas são renovadas e esperanças são reacendidas.

A missão da AVSI Brasil continua guiada pelo foco na centralidade da pessoa para o desenvolvimento e autonomia, assim, contribuindo para a vida de cada pessoa apoiada por meio de ações e projetos, sendo um passo a mais na construção de um mundo mais humano e acolhedor.

As atividades em Roraima contam com o auxílio de colaboradores da AVSI Brasil em diversas cidades brasileiras, que dão suporte à atuação no estado. Além disso, destacamos e agradecemos pelas essenciais parcerias estabelecidas com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), a Força Tarefa Logística Humanitária (FT-LogHum), as agências das Nações Unidas, a Fundação Van Leer, a Prefeitura de Boa Vista, a AVSI-USA, a Fundação AVSI e o Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Governo dos Estados Unidos.