O desenvolvimento da pessoa é o ponto central de toda iniciativa da AVSI Brasil. Partindo desse princípio, dentro dos cursos profissionalizantes oferecidos pelos projetos realizados pela organização, além do aprendizado técnico, surgiu a proposta de inserir o módulo sobre Comunicação Não Violenta – CNV.
As aulas de CNV se baseiam em uma abordagem desenvolvida pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg, que traz como motivação inicial a reflexão sobre o que leva as pessoas ao comportamento violento e, por outro lado, o que os mantém conectados ao que se chama “nossa natureza compassiva”. Essa metodologia, ao longo das décadas, foi usada para auxiliar comunidades de países que viviam situação de guerra ou conflitos religiosos, raciais, políticos e interpessoais.
“A CNV foi introduzida nesse projeto como um elemento complementar à Formação Humana, sendo uma espécie de aprofundamento de determinado aspecto. No fundo, não se trata apenas de um método para comunicarmo-nos melhor uns com os outros, trata-se de propor uma forma de enxergar a vida e as nossas relações interpessoais, tendo como paradigmas a empatia e da compaixão”, conta Danillo Holzmann, um dos professores do módulo.
A aplicação piloto do módulo Comunicação Não Violenta está acontecendo no curso de eletricista do projeto Guerreira Zeferina, em Salvador (BA). As aulas são ministradas por três psicólogos: Danillo Holzmann, Jacson Estrela e Sandrine Costa. Os profissionais trabalham com o suporte um do outro, sendo facilitadores e cofacilitadores durante as atividades. Além disso, grande parte das atividades de planejamento são realizadas de modo conjunto.
Tendo como norte quatro componentes (observação; sentimento; necessidades; pedido), a CNV tem o objetivo de que os seguintes repertórios sejam discutidos: a observação dos acontecimentos, sem julgamentos, e descrição a partir da observação mais objetiva que pode (ou não) ter nos agradado; identificação e nomeação dos sentimentos que surgem dessa análise e aceitação da responsabilidade por eles; aprender a comunicar ao outro as nossas necessidades, valores e desejos que estão conectados a esses sentimentos; aprender a pedir que determinadas ações concretas sejam realizadas, de forma a atender nossas necessidades.
“Somos seres sociais por excelência e uma de nossas exigências elementares é a possibilidade de nos relacionar de modo autêntico (alinhado com os próprios valores) e verdadeiro com os outros. Empatia, aceitação e compreensão são necessidades comunitárias em crise no Brasil e no mundo contemporâneo. As aulas de Comunicação Não Violenta são uma oportunidade de ampliar o desenvolvimento pessoal e comunitário dos beneficiários”, afirma Jacson Estrela, também professor.