Voltado para a integração socioeconômica de famílias venezuelanas no Brasil, o projeto Acolhidos Por Meio do Trabalho incentiva a educação profissionalizante como uma parte fundamental para uma boa colocação no mercado de trabalho. Por meio do programa para jovens aprendizes, acompanhamos a trajetória de dois migrantes e refugiados que desenvolvem habilidades profissionais como incentivo para a retomada da autonomia no país.
Em Boa Vista (RR), a atuação do projeto Acolhidos junto dos jovens venezuelanos acontecem dentro do Centro de Capacitação e Educação (CCE). Criado em 2022, em parceria com a Força Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida, do Governo Federal, o espaço apoia a formação profissional por meio do programa de Jovem Aprendiz.
As atividades do programa de aprendizagem acontecem pela parceria entre AVSI Brasil, Senac-RR (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de Roraima), Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (SETRABES-RR) e de Educação e Desporto de Roraima (SEED-RR), além da empresa Agiplan.
O estudante venezuelano Carlos Manrrique, de 16 anos, participa do programa a fim de desenvolver conhecimentos da área administrativa. Com o sonho de ser professor e poder passar esse conhecimento adiante, ele também conta que participou de outros cursos ofertados no CCE, como os de assistente administrativo e informática.
“Acho que uma das qualidades que me levarão a meus objetivos é a perseverança e a constância nos estudos. Tive alguns desafios ao chegar ao país, mas isso também foi uma motivação para que eu me dedicasse ainda mais para ter uma carreira no futuro”, afirma Carlos.
Em uma turma composta apenas por alunos venezuelanos, a dinâmica durante as aulas promove um senso comunitário integrado. Com aulas teóricas e práticas voltados para a área administrativa, os jovens conseguem vivenciar o dia a dia do mercado laboral no Brasil. “Estar participando das aulas do programa [de Jovem Aprendiz] me faz ver como vai ser o mercado de trabalho”, reforça Carlos.
As ações para jovem aprendiz também ocorrem em Goiânia (GO), onde a equipe do Acolhidos tem trabalhado com o apoio e parcerias para a formação profissional de jovens na região. Realizado pelo Instituto Brasileiro Pró-Educação, Trabalho e Desenvolvimento (ISBET), parceiro do projeto Acolhidos, o programa realiza as aulas regulares e conta ainda com a promoção de oficinas.
Apoiado pela estratégia de interiorização (deslocamento voluntário) da Operação Acolhida, Rafael partiu de Boa Vista com destino a Goiânia. Dedicado aos estudos, o jovem venezuelano Rafael Rossi, de 20 anos, faz parte do programa Jovem Aprendiz e confessa que inicialmente sentiu receio ao integrar uma comunidade que não fala seu idioma, mas hoje se vê integrado na sociedade brasileira.
“No início eu ficava um pouco frustrado por não poder expressar uma ideia ou um sentimento e ser compreendido, mas meu aprendizado acontece todos os dias. Hoje estou trabalhando como jovem aprendiz e essa experiência me ajudou a desenvolver mais minhas habilidades sobre gestão de pessoas, de inteligência emocional e do próprio idioma ao receber alguém e falar o português”, destaca Rafael.
Logo quando chegou ao Brasil, Rafael sonhava em ser programador web e, por isso, participou de alguns cursos de informática, mas hoje o seu maior deseja é cursar a faculdade de psicologia.
“Aqui no país comecei a ler muitos livros em português, sendo alguns deles de psicologia e me interessei pela área. Me parece um novo desafio muito estimulante. Gostaria de me formar como psicólogo e, talvez, ter um negócio próprio: uma biblioteca onde todo mundo pode aprender alguma nova coisa”, confessa Rafael.
Sonhos e expectativas fazem parte da vida de milhares de venezuelanos que chegam ao Brasil. Com o apoio da AVSI Brasil, dentro do projeto Acolhidos, é possível ofertar acolhimento, proteção, promoção dos direitos humanos e integrar refugiados e migrantes no país.
O projeto Acolhidos busca a promoção da integração socioeconômica de refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil, sendo uma iniciativa da aliança entre a Fundação AVSI e a AVSI USA, implementado pela AVSI Brasil em parceria com o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), com recursos do Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM) do governo dos Estados Unidos.
