A APAC Feminina de Governador Valadares (MG) realizou a formatura da segunda turma do Projeto Libélula, no final de novembro. A iniciativa aconteceu no auditório da instituição, onde 25 mulheres privadas de liberdade concluíram um percurso formativo de 90 horas aula.
A formação contemplou diferentes áreas de aprendizado, divididas em três módulos. A Formação Humana foi ministrada pela Fraternidade Brasileira de Assistência ao Condenado (FBAC) e pela consultora Regina Alves, abordando temas relacionados à Metodologia Apaqueana e questões de gênero, além da condição da mulher encarcerada, com ênfase no empoderamento feminino e na ressignificação do trabalho. O módulo de Formação Técnica de Pintura em Tecido, conduzido pela professora Neilia Barbosa, proporcionou às participantes habilidades artísticas e técnicas essenciais para o desenvolvimento de trabalhos manuais.
O evento contou com a presença de 60 pessoas, entre formandas, recuperandas do regime fechado, equipe administrativa da APAC e autoridades e representantes de instituições parceiras. Dentre as autoridades presentes estavam a defensora pública, Rafaela Banchik; a diretora-geral da FBAC, Tatiana Faria; e o presidente da APAC de Governador Valadares, Renato Soyer.
A cerimônia teve início com a composição da mesa, seguida de um momento de silêncio em homenagem ao dr. Michel Cristian de Freitas, juiz da Comarca de Governador Valadares, falecido dois dias antes. Discursos breves destacaram a importância do momento, incluindo uma mensagem da professora Regina Alves. A entrega dos certificados e presentes simbólicos foi seguida por uma emocionante fala da formanda Natiele Karla de Oliveira.
“Quero, primeiramente, agradecer a Deus. Depois, à FBAC e à AVSI Brasil por terem escolhido a nossa APAC para o Projeto Libélula. Gostaria de agradecer em nome de todas as recuperandas apaqueanas por terem trazido algo novo para o nosso dia a dia, algo que possamos levar para a vida inteira, principalmente como profissão. E dizer que o artesanato é terapêutico e relaxante. Aproveito este momento para agradecer à psicóloga Regina, que disponibilizou o seu tempo para estar conosco, e também à professora Neilia por também disponibilizar o seu tempo para nos ensinar. Não esquecendo de agradecer todo o quadro de funcionárias da APAC. ”
A atividade foi organizada para celebrar o comprometimento e a disciplina das recuperandas em concluir o curso profissionalizante proposto pelo Projeto Libélula. O projeto busca contribuir para a inserção no ensino de mulheres privadas de liberdade, promovendo a educação para o trabalho e melhores condições de geração de renda futura.
Projeto Libélula
Parte de um conjunto de iniciativas que serão realizadas ao longo de dois anos, o projeto Libélula culminará em seis percursos formativos, cada um celebrado com um evento de entrega de certificados. Para a AVSI Brasil, projetos como este são um importante meio para consolidação de parcerias com instituições como a FBAC e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A organização atua desde 2011 em projetos de apoio às APACs, buscando ampliar as ferramentas de capacitação para mulheres em situação de privação de liberdade.
Inserido no eixo “justiça e prevenção da violência”, o projeto contribui para a ressocialização, promovendo a redução da superlotação carcerária e sensibilizando a sociedade sobre a realidade penal, reconhecendo a importância de sua atuação no contexto penitenciário latino-americano, alinhada à missão de promover a dignidade da pessoa humana.
Em meio ao aumento do encarceramento feminino global e o desafio de políticas públicas específicas, a atividade destaca o compromisso da AVSI Brasil com as beneficiárias do projeto e o seu profissionalismo na promoção dos direitos humanos das pessoas privadas de liberdade no Brasil.
