Com recursos da União Europeia, o projeto Além das Fronteiras Brasileiras (Más allá de las fronteras) formou 28 capelães regionais responsáveis pelas APACs no Chile
O projeto Além das Fronteiras Brasileiras (Más allá de las fronteras) vem, desde 2018, contribuindo para o fortalecimento da sociedade civil na luta contra a tortura e outros tratamentos e penas cruéis, desumanas ou degradantes. Através da promoção das Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (APACs) apresentam-se alternativas de execução penal mais humanizadas em países latino-americanos.
No Chile, as APACs são acompanhadas pela Confraternidade Carcerária local e pelos Capelães Regionais da Gendarmeria do Chile. A diversidade de iniciativas APAC tem apresentado um verdadeiro desafio na região, diante disso, o projeto realizou, de 19 e 21 de junho, a primeira capacitação nacional sobre a metodologia APAC no país. Com o objetivo principal de promover o intercâmbio de informações e experiências, o encontro reuniu capelães das regiões onde há APACs no Chile e os responsáveis pelo método no Brasil, no qual seu funcionamento já se encontra sistematizado como política pública em vários estados.
Na ocasião, Valdeci Ferreira, diretor executivo da FBAC, falou sobre a trajetória da metodologia no Brasil desde o início, os desafios enfrentados durante o percurso, as perspectivas para a adequação no Chile e o papel do curso, que, em suas palavras, é “possibilitar o encontro das pessoas que estão envolvidas e comprometidas em torno de um mesmo ideal, que é a implementação do método APAC.”
Em seguida, abordou a importância da valorização humana, trabalho, espiritualidade, assistência à saúde, família e dos demais elementos fundamentais da metodologia apaqueana.
No último dia, foram realizadas discussões em grupo e momentos de reflexão, onde os participantes fizeram contribuições, tiraram dúvidas e compartilharam os ensinamentos obtidos durante o curso.
O Capelão Nacional da Gendarmeria e Presidente da Confraternidade Carcerária, Luis Mussiett, falou sobre a importância de inserção da equipe de voluntários, funcionários e gestores na metodologia, “o crescimento e a sustentabilidade das APACs é feito de dentro para fora. Nós convidamos a comunidade social, religiosa, esportiva e cultural para que nos apoiem de dentro. Não temos que arrombar uma porta, nós abrimos a porta e isto tem significado um avanço incrível para que este projeto cresça e esteja em 55 centros penais dos 90 que temos no Chile.”
Ricardo Arredondo, diretor executivo da Confraternidade Carcerária, destacou os benefícios trazidos pelo encontro, “considero esses dias em que estive nesse curso de capacitação muito proveitosos para nós. Os capelães nunca haviam sido capacitados dessa forma, onde foram abordados todos os 12 passos da metodologia e explicados cada um deles, dando exemplo de como são implementados no Brasil, o que nos ajudará muito agora em unificar nossos critérios para trabalhar.”
Sobre as APACs
As APACs (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) são organizações da sociedade civil que têm como objetivo a humanização das penas privativas de liberdade e a promoção dos direitos humanos dos condenados. O trabalho desenvolvido pelas APACs é focado na ressocialização efetiva do detento através de métodos que combinam elementos de valorização do ser humano que contribuem para a efetiva recuperação dos condenados. Nesse contexto, o projeto Além das Fronteiras Brasileiras (Más allá de las Fronteras)surge com o objetivo de reforçar a atuação das APACsem nível internacional.