A pandemia da COVID-19 trouxe impactos socioeconômicos em todo o Brasil, inclusive para o setor de emergência humanitária. Com o fechamento da fronteira entre o Brasil e a Venezuela e o “novo normal” ocasionado pelo coronavírus, os números de registros de novos refugiados diminuiram. Além disso, o cotidiano nos 13 centros de acolhida, presentes em Roraima, também passaram por uma série de mudanças contemplando as medidas de segurança de saúde.
Os dados e variações de cada abrigo estão disponíveis na série de relatórios mensais de registros e abrigamento emitidos pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). As informações foram registradas na plataforma R4V – Resposta a Venezuelanos, uma coordenação interagencial do sistema das Nações Unidas e da sociedade civil. A plataforma R4V é composta por um conjunto de parceiros e tem como objetivo responder ao fluxo de venezuelanos na América Latina e Caribe. No Brasil, 13 agências da ONU e 27 organizações da sociedade civil compõem a plataforma R4V.
A AVSI Brasil contribui com a Operação Acolhida e o ACNUR por meio do gerenciamento de 8 dos 14 centros de acolhimento de Roraima, sendo 7 em Boa Vista e 1 na cidade de Pacaraima.
Dados sobre os refugiados
O relatório mais recente mostra que 5.461 pessoas encontravam-se abrigadas em Roraima, em julho de 2020, sendo 3.620 pessoas refugiadas nos abrigos gerenciados pela AVSI Brasil. Segundo a série de relatórios, a média de permanência nos abrigos foi impactada. Em junho, um refugiado permanecia 315 dias num centro de acolhida, já em julho o número diminuiu para 304. Além disso, o número de registros de novos refugiados teve uma das maiores quedas desde 2018. Em janeiro de 2020 foram 8.577 venezuelanos registrados no Brasil, já em julho o número diminuiu para 954.
A presença dos colaboradores da AVSI Brasil em Roraima busca facilitar a migração e a mobilidade ordenada, segura, regular e responsável das pessoas, por meio da implementação de políticas de migração planejadas. Dentro dos relatórios mensais do ACNUR é possível encontrar informações sobre as atividades desenvolvidas pela equipe AVSI Brasil dentro de cada centro de acolhimento, agregando desde ações de conscientização sobre a COVID-19 até cursos de português e atividades recreativas com crianças.
Participação comunitária
A participação comunitária dos venezuelanos teve crescimento significativo desde o início da pandemia. Compostos por membros da própria comunidade de refugiados e migrantes abrigados, os comitês de participação comunitária passaram a desenvolver manutenção contínua das áreas em comum, funções específicas de limpeza, distribuição de alimentos e monitoramento de casos de saúde. O foco principal dos comitês é promover a participação conjunta no dia-a-dia dos centros de acolhimento, estimulando o desenvolvimento através de diferentes responsabilidades.
Segundo o relatório do ACNUR, em abril, cerca de 480 voluntários faziam parte de 54 comitês. Em julho, eles seguiram auxiliando a equipe de gestão de abrigos em atividades diversas.
Medidas de saúde
Desde março, foram iniciadas ações com o foco principal de conscientizar os refugiados quanto a prevenções com a COVID-19. Em abril, as áreas em comum passaram a ter número menor de circulação de pessoas, para evitar aglomerações. Também foram distribuídos kits de limpeza, kits de limpeza pessoal, colchões e redes para reforçar os hábitos de higiene.
Durante o mês de maio, o ACNUR inaugurou o Espaço Emergencial 13 de Setembro, anteriormente estruturado como uma ocupação espontânea. A princípio, o espaço pretendia abrigar 292 pessoas até o fim de junho, através de uma realocação devagar, para evitar aglomerações. Entretanto, em julho, o espaço emergencial seguiu ativo alocando 115 refugiados em 4 unidades habitacionais.
Os migrantes e refugiados com suspeitas ou confirmação de infecção pelo coronavírus foram transferidos para a Área de Proteção e Cuidados (APC) da Operação Acolhida, com capacidade de atendimento para 1.000 pessoas, dividida em duas partes: a primeira, de isolamento para casos suspeitos e confirmados; e a segunda para tratamento dos casos mais graves.
Acesse aos relatórios na íntegra: