Há pelo menos cinco anos, o Brasil é um dos lugares escolhidos por milhares de venezuelanos que deixam o seu país em busca de novas oportunidades, frente à grave crise econômica, política e social que a população enfrenta. Um dos motivos que facilitam essa escolha é a proximidade entre os dois países, o que facilita a entrada de pedestres pela fronteira que dá acesso à cidade de Pacaraima. Mas além desta particularidade, há outro motivo crucial para este deslocamento: a resposta humanitária desenvolvida a partir da crise migratória venezuelana, sobretudo no estado de Roraima, principal ponto de entrada desta população.
Desde 2018, o governo brasileiro, com o apoio de organismos internacionais e a sociedade civil organizada, se mobilizam para a efetiva integração desta população. Atuam na linha de frente de proteção e abrigamento, realizam interiorizações para outras localidades e dão suporte para a conquista da autonomia familiar, que é ponto determinante para que essas pessoas possam restabelecer-se no novo país.
Para compartilhar essas experiências e promover parcerias estratégicas, organizações que atuam na temática do refúgio e migração, especialistas e representantes do poder público e do setor privado estarão reunidos em São Paulo a partir de segunda-feira (30), no seminário A resposta humanitária visando a autonomia de refugiados e migrantes venezuelanos – uma ação coordenada pela AVSI Brasil, com o patrocínio e envolvimento da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e da Fundação Bernard van Leer (FBvL).
O encontro irá abordar a emergência humanitária venezuelana e as ações desenvolvidas no âmbito da Operação Acolhida e busca sensibilizar empresas para a contratação de migrantes venezuelanos em empregos formais. A atividade terá a presença do diretor-presidente da AVSI Brasil, Fabrizio Pellicelli; do representante do ACNUR no Brasil, José Egas; do Secretário Especial de Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania, Robson Tuma, da gerente sênior de Direitos Humanos e Gênero na Rede Brasil do Pacto Global, Tayná Leite; da Coordenadora de Projeto na OIM, em São Paulo, Carla Lorenzi e do gerente de Comunicação e Responsabilidade Corporativa da Construtora Tenda, Lucas Nichele de Moura. A empresa atua no ramo da construção civil, e aderiu ao projeto, com a contratação de refugiados venezuelanos.
O seminário é aberto ao público mediante inscrições prévias neste link e é destinado para a sociedade civil atuante na temática migratória, organismos públicos e setor empresarial. O encontro será realizado no edifício Banco do Brasil (Torre Matarazzo), na avenida Paulista, 1230, Bela Vista. As inscrições são limitadas e o espaço prevê distanciamento seguro entre os participantes. O uso de máscara é opcional
Famílias integradas em Santa Catarina
Além da família de Mario José (à direita), outro grupo familiar também teve a vida transformada com a resposta humanitária recebida no Brasil. Armando (à esquerda), e sua família, foram atendidos no posto de triagem da Operação Acolhida, em Boa Vista, onde receberam os primeiros cuidados, como vacinas, regularização de documentos e proteção. Foi lá que ele soube da oportunidade de interiorização para trabalhar em uma fábrica de móveis em Concórdia (SC). Depois de ser aprovado no processo seletivo, a família foi interiorizada pelo projeto Acolhidos por meio do trabalho, que garantiu moradia temporária e acompanhamento social nos primeiros meses. As duas famílias dividem a mesma moradia na cidade. “Estamos muito felizes e totalmente integrados aqui com a comunidade. Minha esposa estava grávida quando chegamos aqui e tivemos um atendimento muito bom para o nascimento do bebê. Meu cunhado também conseguiu emprego na mesma empresa e, como dividimos as despesas, conseguimos garantir uma boa reserva para viver com tranquilidade”, diz Mario José.
O projeto
O projeto Acolhidos por meio do trabalho conta com o envolvimento da Fundação AVSI e é implementado pela AVSI Brasil e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), com recursos financiados pelo Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do governo dos EUA. A edição em São Paulo tem o apoio institucional do Consulado da Itália no Brasil, Organização Internacional para as Migrações (OIM), Rede Brasil do Pacto Global, e da Casa Civil da Presidência da República, que coordena as ações da força-tarefa Operação Acolhida.
Desde que foi implementado, o projeto intermediou a interiorização de 1.700 venezuelanos, de Roraima para nove estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, sendo que 800 pessoas foram contratadas por empresas parceiras. Cada pessoa contratada pode levar seus familiares para um novo recomeço na cidade de acolhida e contam com acompanhamento social e moradia nos três primeiros meses após a contratação. O projeto também atua com a população brasileira em situação de vulnerabilidade, com capacitações profissionais e a inserção no mercado de trabalho.
SERVIÇO:
SEMINÁRIO A resposta humanitária visando a autonomia de refugiados e migrantes venezuelanos
Data: 30 de maio (segunda-feira)
Das 10h às 12h
Local: Edifício Banco do Brasil/Torre Matarazzo
Av. Paulista, 1230, Auditório 5º andar, Bela Vista, São Paulo/SP
Entrada: mediante inscrição prévia neste formulário