Especialistas e representantes de organizações internacionais sobre a temática migração e refúgio se reuniram, na manhã desta segunda-feira (30), para participar do seminário: A resposta humanitária visando a autonomia de refugiados e migrantes venezuelanos. O evento foi promovido pela AVSI Brasil, com o patrocínio e envolvimento da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e da Fundação Bernard van Leer (FBvL). O seminário aconteceu no auditório da Torre Matarazzo, na capital paulista, e integra a exposição Acolhidos: o percurso da Venezuela à integração no Brasil.
O debate girou em torno da emergência humanitária venezuelana e das ações desenvolvidas no âmbito da Operação Acolhida, entre elas, o projeto social Acolhidos Por Meio do Trabalho. A AVSI Brasil busca fazer uma ponte entre os venezuelanos e o mercado de trabalho formal, facilitando assim a integração socioeconômica dos refugiados e migrantes que se encontram em Roraima, para outros estados brasileiros.
“O grande coração do projeto é a contratação de trabalho dos venezuelanos no Brasil. Em três anos, já contabilizamos 1.748 interiorizações”, informou Thais Braga, gerente especial do projeto Acolhidos por Meio do Trabalho, dando o pontapé inicial do evento.
Na sequência, representando Robson Tuma, secretário especial de desenvolvimento social do Ministério da Cidadania, Bárbara Cravos, coordenadora suplente do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização, explicou os três pontos importantes na relação com os venezuelanos.
“Desde 2018, já são 7 mil migrantes acolhidos. Por meio da Operação Acolhida, eles têm acesso à documentação, algo primordial. Temos nove abrigos federais no Estado de Roraima. Promovemos a interiorização, mas só participa quem deseja, com alguns critérios como vacinação e documentação”, esclareceu Cravos.
Já Carla Lorenzi, coordenadora de projeto na OIM em São Paulo, ressaltou o perfil dos refugiados venezuelanos que chegam ao Brasil.
“A maioria tem idade de 18 a 59 anos, mantendo um equilíbrio de 50% homens e 50% mulheres. Muitas dessas pessoas cruzam a fronteira a pé. Atualmente estamos trabalhando com vaga de emprego assistida junto ao setor privado. Que os refugiados e migrantes saibam onde estão entrando. A gente apoia que eles tenham bons empregos em suas áreas de atuação. Outra questão que estamos focando muito é a inserção das mulheres venezuelanas no mercado de trabalho. A predominância das vagas oferecidas ainda é para homens, e esse tem sido um dos desafios”, informou Lorenzi.
José Egas, representante do ACNUR no Brasil, destacou alguns dados relevantes sobre a situação geral dos refugiados.
“Em 2022, já são mais de 100 milhões de pessoas refugiadas no mundo. Infelizmente a crise humanitária cresce a cada ano devido às guerras, mudanças climáticas, entre outros. É fundamental que a resposta humanitária inclua atendimento às necessidades da população local. O Brasil está anos luz à frente dos demais países! E outro detalhe: os refugiados não estão competindo emprego aqui, eles têm os mesmos deveres e direitos que todos”, ressaltou Egas.
Tayná Leite, gerente sênior de direitos humanos e gênero na Rede Brasil do Pacto Global, revelou os desafios do setor privado e a diversidade de inclusão.
“Trabalhamos na diversidade e inclusão das pessoas migrantes, transformando em progressões com políticas de pertencimento. Fazemos um trabalho de conscientização, mudando a mentalidade das empresas”, afirmou Leite.
Lucas Moura, gerente de comunicação e responsabilidade corporativa da Construtora Tenda, descreveu a importância das oportunidades de emprego que a empresa oferece aos venezuelanos.
“Atuamos em dez áreas do Brasil. Somos uma grande parceira do governo federal no segmento de habitação popular. Todas as pessoas merecem ter o seu lugar no mundo, isso conecta muito os venezuelanos. A Tenda é a oportunidade para um recomeço. Em 2020, implantamos o projeto social Tenda Para Todo Mundo. Iniciamos o trabalho em Goiânia com três refugiados. Eles chegam com muita vontade de trabalhar, são bem-humorados, cantam, transformam o clima do local. Só temos elogios! Nossa meta é terminar o ano com 40 contratações”, destacou Moura.
O público presente pode fazer uma imersão sobre o cotidiano dos refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil, conhecendo curiosidades e necessidades de um povo que busca recomeçar em um país diferente. O encontro abordou questões importantes, antecipando assim a data em que será celebrado o Dia Mundial do Refugiado, 20 de junho.
“Vimos a importância dessa aliança de todos. Percebo uma sensibilidade humana que me toca bastante. Algo muito bonito. A operação humanitária no Brasil é um momento da vida no percurso para atingir a autonomia. Nossa missão é ajudar essas pessoas a atingir o protagonismo”, concluiu Fabrizio Pellicelli, diretor-presidente da AVSI Brasil.
O tema do seminário, cada vez mais necessário e pertinente à realidade brasileira, continua em pauta por meio da exposição fotográfica Acolhidos: o percurso da Venezuela à integração no Brasil, até 26 de junho de 2022.
Segundo seminário
O segundo seminário Desenvolvimento integral de crianças e cuidadores refugiados e migrantes venezuelanos será realizado no dia 15 de junho. O encontro irá abordar o processo de integração local de famílias com crianças refugiadas e migrantes venezuelanas, considerando a importância de instrumentos de sensibilização para as administrações locais, na garantia do acesso a serviços de assistência, saúde e educação. Clique aqui para ver toda a programação e fazer sua inscrição.
Serviço
Seminário Desenvolvimento integral de crianças e cuidadores refugiados e migrantes venezuelanos
Data: 15 de junho (quarta-feira)
Horário: 10h às 12h30
Local: Edifício Banco do Brasil/Torre Matarazzo
Av. Paulista, 1230, Auditório 5º andar, Bela Vista, São Paulo/SP.
Exposição Acolhidos: o percurso da Venezuela à integração no Brasil
Local: Edifício Banco do Brasil (Torre Matarazzo). Lobby central
Endereço: Av. Paulista, 1230, Bela Vista, São Paulo
Período: 27 de maio a 26 de junho de 2022
Horário: Segunda à sexta (8h às 20h). Sábados, Domingos e Feriados (10h às 18h)
Entrada: Gratuita
Classificação etária: Livre