Educação inclusiva e de qualidade é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade justa, com oportunidades para todas as pessoas. Pensando nisso, a professora Ângela Maria Tomaz Lima Cruz desenvolveu o projeto STEAM “Nascente Viva” com alunos do 4º ano de uma escola pública em João Monlevade (MG).
Ângela possui 19 anos de experiência em sala de aula e formação em Pedagogia, Serviço Social e atualmente é graduanda no curso de direito, participou da Formação de Educadores do projeto Liga STEAM, desenvolvido pela parceria entre AVSI Brasil, Fundação ArcelorMittal, Tríade Educacional e Fundação Banco do Brasil. A partir da abordagem STEAM, a professora criou ferramentas multidisciplinares para auxiliar no aprendizado dos alunos dentro e fora da sala de aula.
O projeto “Nascente Viva” surgiu como resposta aos desafios enfrentados na Escola Municipal Professora Cicinha Moura Simon, especialmente relacionados a defasagem escolar dos alunos do 4º ano. Esses desafios estavam ligados à vulnerabilidade social, econômica e cultural da comunidade onde a escola está inserida.
Diante desses desafios, a professora sentiu a necessidade de adotar novas abordagens pedagógicas, inspirando-se na educação proposta pela Liga STEAM para despertar habilidades e competências dos alunos. Surgiu então a ideia de um projeto que incentivasse os alunos a sonharem e a trabalharem coletivamente para alcançarem esses sonhos. O projeto focou na revitalização de uma nascente local conhecida como “Biquinha”, que, apesar de estar em uma área de preservação ambiental, estava poluída e negligenciada.
Com o apoio da comunidade local, autoridades municipais e instituições educacionais, o projeto conseguiu se tornar realidade. A revitalização da nascente, além de melhorar o ambiente local, também proporcionou uma oportunidade para os alunos se engajarem em aprendizado prático e desenvolverem um senso de pertencimento comunitário.
“A história da nascente viva vai além da ‘biquinha’; é a história dos alunos ‘improváveis’ e estigmatizados, nos quais os sonhos não eram incentivados, e hoje eles podem ter outras perspectivas de vida. O sonho foi o viés condutor para tornar os alunos protagonistas de suas histórias de vidas e, através de várias estratégias, esses estudantes desenvolveram um conjunto de competências, vindo a alcançar espírito de iniciativa na criação de produtos e serviços”, conta a professora.
Após a participação na Liga STEAM, a educadora passou a adotar a abordagem STEAM como prática pedagógica, por acreditar que a educação inclusiva está além da sala de aula e dos métodos tradicionais de ensino. Além disso, ela visa trabalhar a inclusão de todos os alunos e suas limitações em suas aulas, usando como próprio exemplo sua vida; ela que foi diagnosticada tardiamente com TDA (transtorno de déficit de atenção), sempre teve dificuldades com as formas de ensino tradicionais. Além disso, ela tenta integrar linguagens acessíveis para todo tipo de limitação, por exemplo, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) para pessoas surdas ou com limitações auditivas.
“Acredito na busca constante de formação de novas conexões e oportunidades que alarguem as fronteiras, rompem barreiras e promovem conhecimentos de um futuro melhor para meus filhos, neta e para novas gerações, independente de raça, origem ou filosofia de vida”, afirma Ângela.
STEAM é uma abordagem educacional que integra as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, muito difundida em países como Estados Unidos, China, Austrália e Reino Unido. Ela desenvolve conhecimento por meio de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos, a partir da resolução de problemas reais do dia a dia. Os projetos valorizam a contribuição coletiva dos alunos e a aplicação de conhecimentos e habilidades de diferentes áreas. Criada pela Fundação ArcelorMittal, a Liga STEAM busca conectar parceiros relevantes e somar forças para investir na educação do Brasil. Hoje, em conjunto com a Fundação Banco do Brasil, a AVSI Brasil e a Tríade Educacional, a Liga STEAM tornou-se o maior programa de formação gratuita de educadores em STEAM do país.
Um dos pilares de atuação da AVSI Brasil é o compromisso com a educação de qualidade e a redução das desigualdades. Com base nisso, um dos nove eixos de atuação da instituição é o Socioeducacional, que promove iniciativas de inclusão, educação de qualidade, redução das desigualdades por meio de ações e parcerias e está diretamente alinhado aos objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pela agenda 2030 da ONU, em especial o ODS 4, que visa garantir a educação de qualidade para que todos que completem o ensino fundamental e médio, equitativo e de qualidade, na idade adequada, assegurando a oferta gratuita na rede pública e que conduza a resultados de aprendizagem satisfatórios e relevantes. O ODS 10, que tem como objetivo a Redução das Desigualdades, empoderando e promovendo a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra. E também o ODS 17, que visa fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.