Iniciativa gera novas oportunidades para reclusas do Complexo Penitenciário Feminino em Belo Horizonte (MG)
“Eu gostei muito do curso e pretendo sair daqui e montar minha própria empresa. Foi um aprendizado inesquecível, que eu vou levar para o resto da vida”, comentauma das reclusas, do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto (PIEP), em Belo Horizonte (MG), sobre o curso de empreendedorismo realizado através do projeto Novos Horizontes.
Com duração de nove meses, o projeto iniciou em agosto de 2015 e desde então já certificou 53 mulheres, em três diferentes turmas através de atividades integradas do Instituto Minas pela Paz, em parceria com a AVSI Brasil e o Centro de Educação para o Trabalho Virgílio Resi (CEDUC). Após o término do projeto, as ações terão continuidade através do Programa de Inclusão Social do Egresso do Sistema Prisional (PRESP).
Financiada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, através de recursos das Penas Pecuniárias, a iniciativa visa promover a cidadania das pessoas que estão em cumprimento de pena restritiva de direitos no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, buscando criar alternativas para a inserção profissional e preparação para o mercado de trabalho.
O curso de empreendedorismo é destinado às internas participantes do regime semiaberto, de qualquer faixa etária, na etapa final do cumprimento de pena, com histórico de experiência com negócios próprios ou que possuem aptidão e desejo em aprimorar habilidades para o empreendedorismo.
A carga horária do curso é composta por Formação Humana (40 horas), empreendedorismo (20 horas) e um Plano de Desenvolvimento de Vida. As atividades envolvem dinâmicas, filmes, técnicas, música e jogos, a fim de proporcionar um curso mais interativo e produtivo.
O Novos Horizontes realiza uma articulação com empresas para inserção de egressas da PIEP no mercado de trabalho. Segundo Deborah Amaral, gerente de projetos da AVSI Brasil em Belo Horizonte, “inserir egressas no mercado de trabalho é importante para promover a inclusão social, o desenvolvimento de pessoas e, consequentemente, a redução da reincidência de crimes”.
Para as participantes, o curso foi fundamental para perceber que ainda podem ser participantes ativas da sociedade perante os direitos humanos. “É bom saber que alguém se preocupa com a gente”, afirma uma das reclusas, que preferiu não se identificar.
É prevista uma sistematização ao final do projeto, desenvolvida pela AVSI Brasil, para que seja possível promover a replicação das experiências em outras realidades. Essa é a primeira experiência de organização no sistema comum, projeto piloto que tem ajudado a entender a realidade do sistema prisional tradicional.