Iniciativa pioneira do Brasil faz parte do Plano Básico Ambiental Indígena executado em Pernambuco pela empresa IE Garanhuns e tendo a AVSI como parceira
Foi lançado o vídeo sobre o Fundo Rotativo de Projetos e Recursos, uma iniciativa realizada na aldeia indígena Entre Serras, em Pernambuco, por meio do Plano Básico Ambiental Indígena (PBAI), executado pela empresa IE Garanhuns e sua parceira AVSI Brasil desde 2014.
Incrementar a agricultura, comprar materiais para artesanato ou desenvolver a criação de bovinos de pequeno porte são algumas das possibilidades deste fundo solidário, que disponibiliza para a comunidade indígena o acesso a crédito financeiro para realizar atividades produtivas.
O fundo é administrado pela própria comunidade indígena, por meio de uma associação, e funciona de maneira rotativa. O papel da AVSI Brasil foi o de planejar, junto com a comunidade e parceiros a constituição do Fundo e assessorar os gestores do Fundo na sua implementação.
A ideia de criar o fundo rotativo foi da própria liderança indígena, que identificou a necessidade e propôs à IE Garanhuns a implementação da iniciativa com grande possibilidade de desenvolvimento local.
Confira aqui o vídeo.
Fundo rotativo
Um Fundo Rotativo é uma forma cooperativa de fornecimento de crédito (valor em dinheiro), que tem a função de suprir com empréstimos financeiros as necessidades de uma ou de um grupo de pessoas que realizem atividades produtivas de diversas naturezas (agricultura, artesanato, citar outras).
A pessoa da comunidade interessada apresenta um pequeno projeto à associação que administra este Fundo, contando as suas necessidades e descrevendo o que vai fazer com o dinheiro e como este lhe ajudará a tocar uma ideia.
Neste caso, como se trata de um empréstimo, é estabelecido nas próprias regras do Fundo, um prazo para devolver o dinheiro e, deste modo, permitir que outras pessoas possam também ter acesso a estes valores. Por isso, é que ele se chama de “Rotativo”.
A seguir, alguns trechos de depoimentos que compõem o vídeo:
“Sentamos com as outras lideranças e a gente se estendeu por mais de um dia, porque eu lancei a proposta desse fundo rotativo. Todos ficaram surpresos sem saber também o que era isso. Na época, a gente não sabia nem valores. O meu pensamento foi da minha comunidade acessar esse recurso, em forma do fundo rotativo, como um banco, e nós mesmos gerenciarmos. Ideia audaciosa, como diz o branco”, revela o cacique Entre Serras, Marcelo Monteiro da Luz
“Ele foi bem aceito, inclusive por ser uma proposta inovadora, no Brasil, é o primeiro fundo rotativo indígena do Brasil e foi muito bem visto pelo empreendedor, pela Funai, tanto pelas empresas consultoras”, afirma Maria Bastos, gestora do PBAI pela BIOCEV
“Esse dinheiro [do fundo rotativo] é emprestado ao produtor. Ele tem o período máximo de dois anos para devolver esse recurso em parcelas. Então, esse dinheiro se transforma num fundo rotativo de projeto porque ele vai, mas volta e com o compromisso de todos que esse dinheiro tem que ser devolvido. Fiquei muito feliz porque eles entenderam que depois tem que ser devolvido”, revela Silvio Nogueira, coordenador do programa Fundo Rotativo pela AVSI Brasil