Mostra sobre APAC recebe 17 mil pessoas em 7 dias
“Do amor, ninguém foge” foi a frase que todos os 17 mil visitantes da mostra da APAC, na 37ª edição do Meeting de Rimini, na Itália, levaram como aprendizado. O evento cultural, que encerrou suas atividades no dia 25, teve forte repercussão em diversos jornais europeus, e a APAC foi o grande destaque entre as apresentações, sendo a mostra mais visitada do Meeting.
Em um clima bem descontraído, com apresentações culturais de arte, dança, música e exibições de filmes, o Meeting de Rimini deixou a sensação que estamos no caminho certo para construir a paz e disseminar a misericórdia entre os povos, tema que o Papa Francisco lançou no Jubileu da Misericórdia.
No evento, a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) teve uma mostra com 4 salas, em que os visitantes, guiados pelos voluntários, puderam fazer um tour conhecendo todas as atividades realizadas pela associação.
Os espaços, compostos de painéis explicativos e fotos de Antonello Veneri protagonizadas pelos recuperandos, simulavam o interior de uma APAC, fazendo o visitante se sentir dentro do espaço de ressocialização. No final de algumas visitas guiadas ainda foi possível conhecer Daniel Luiz Silva, ex-recuperando, e Valdeci Ferreira, diretor-executivo da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC).
Os tours foram realizados em 5 idiomas diferentes (italiano, inglês, português, francês e espanhol). Também foram disponibilizados diferentes passeios para crianças e jovens. Para Paula Alves, assessora da diretoria da AVSI Brasil, que trabalhou como voluntária na mostra, as dificuldades carcerárias são enfrentadas no mundo inteiro e, com a visita de pessoas de diferentes países, foi nítido o interesse pelo tema, apresentado como uma oportunidade para mudar a realidade em que vivem os detentos.
Para Déborah Amaral, gerente do projeto Superando Fronteiras, que contribui para a disseminação das APACs, o evento foi a melhor oportunidade para mostrar o trabalho que está sendo realizado no Brasil. Segundo ela, “conseguimos transmitir sobre a importância dos direitos humanos dos condenados a uma quantidade de pessoas que não imaginávamos. O olhar e a fala das pessoas que visitaram a mostra das APACs demonstrava o espanto e a beleza daquilo que tinham acabado de ver”, comenta Déborah.
No terceiro dia de Meeting, o público participou de uma palestra (disponível em italiano e em português) com Valdeci Ferreira, diretor-executivo da FBAC, Daniel Luiz da Silva, ex-recuperando, Luiz Carlos Rezende e Santos, juiz da Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte, e Cledorvino Belini, presidente de Desenvolvimento do Grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) da América Latina. O encontro foi moderado por Andrea Tornielli, vaticanista do jornal La Stampa.
Cerca de 7 mil pessoas assistiram à transmissão, incluindo representantes institucionais, empresas e autoridades públicas, estudantes, pessoas ligadas à atividade carcerária, representantes da Igreja Católica e pessoas que tiveram o interesse em conhecer os trabalhos expostos no Meeting.
“Uma mulher, ao terminar de ver a mostra, disse a um dos nossos guias que, quando nova, perdeu pai e mãe e precisou ir para uma casa de acolhida, mas fugia de todas. Até que encontrou um lugar onde de fato se sentiu acolhida e cuidada pelas pessoas que ali estavam e foi só deste que ela não fugiu. Por isso, conseguia entender porque os presos não fogem da APAC”, relata Déborah Amaral.
Para saber mais sobre a mostra, veja alguns vídeos e matérias lançadas na mídia italiana:
La Stampa. APAC, la vita cambiata di Daniel nelle carceri del Brasile
TV2000. O cárcere que mata o criminoso, mas salva o homem. Entrevista com Daniel Luiz Silva
Il Foglio. Quelle carceri brasiliane senza guardie da cui l’Italia dovrebbe imparare