Ter uma experiência profissional registrada na carteira de trabalho é um requisito que pode abrir muitas portas para jovens que pretendem iniciar uma atividade no mercado de trabalho. Afinal, para conquistar um emprego, muitas empresas exigem experiência em alguma função e isto pode ser um fator determinante para excluir um bom candidato, mas que não tenha um registro em carteira.
Em Salvador (BA), 22 jovens da região de Novos Alagados não terão mais esta preocupação quando disputarem uma vaga de emprego. Eles participaram do programa de aprendizagem da AVSI Brasil e contaram com formação prática nas empresas contratantes que atuam na área de construção civil – exercendo funções administrativas, no setor pessoal, contabilidade e suporte técnico no setor de Tecnologia da Informação. Este percurso se deu durante 16 meses, totalizando 1280 horas de formação, em conformidade com a Lei da Aprendizagem e diretrizes gerais. A atividade foi registrada em carteira e remunerada a partir de um contrato seguro e protegido.
O programa de aprendizagem da AVSI Brasil foi desenvolvido a partir do projeto Acolhidos por meio do trabalho, que prevê a inserção de brasileiros em situação de vulnerabilidade no mercado de trabalho, entre outras ações. Os alunos contaram com formação teórica, implementada no Centro de Orientação Familiar (COF), no formato presencial e on-line. Depois de 16 meses entre atividades práticas e teóricas, eles receberam o certificado de conclusão e, a partir de agora, estão aptos para disputar novas vagas no mercado, já com uma experiência comprovada.
O aluno Luis Claudio é um dos aprendizes que concluiu o curso. Quando iniciou, ele não tinha experiência anterior, apesar de já ter concluído os estudos. “Participar do programa de aprendizagem foi enriquecedor, pois eu aprendi a ter mais organização e entender as tarefas administrativas. No trabalho, eu ajudava com os procedimentos de documentações entre os setores da empresa e então passei a entender os processos de uma forma mais ampla”, revela.
Segundo Luis, a experiência foi crucial para seu desenvolvimento e ajudou no desempenho de uma entrevista de emprego recente, ao qual foi aprovado para trabalhar como garçom em uma rede de restaurante internacional, em Salvador. “Já estou trabalhando com carteira assinada novamente e isso foi graças ao curso, que também ensinou como me portar em entrevistas e no trabalho. Estou muito feliz”, afirma.
Já Carolina dos Santos Valença, 21, já havia trabalhado anteriormente com telemarketing, mas foi no programa de aprendizagem que conheceu a área de administração, pois como aprendiz, atuou como assistente de finanças e no setor de RH da empresa. “Consegui desenvolver bem as atividades, pois tenho bastante facilidade para aprender coisas novas. Agora, isso me possibilita buscar uma atividade profissional nesta área para que eu continue desenvolvendo as habilidades que já aprendi”, disse.
O empresário Marcelo dos Santos foi um dos contratantes desses jovens e abriu 20 vagas para aprendizes neste ano. Ele prestigiou a formatura e já planeja a contratação de uma nova turma de aprendizes, em breve. Ele diz que contrata aprendizes desde 2013 e vê benefícios positivos tanto para os jovens, como para quem contrata. “A cada ano, ou um ano e meio, nossa empresa contrata os aprendizes e é muito interessante ver a evolução deles neste período. Um fator positivo para a empresa é contar com esta mão de obra que é desenvolvida de acordo com o perfil da organização. E eles ajudam muito assessorando, no atendimento, na digitação de documentos, entre outras tarefas. Como é o primeiro contato deles no mercado de trabalho, a gente vê a evolução profissional e pessoal, afinal eles aprendem a ter disciplina, compromisso e responsabilidade. A gente sente muito orgulho por saber que ajudamos nesta transformação, além de saber que o emprego também os ajuda financeiramente”, revela o empresário.
De acordo com a Lei da Aprendizagem (lei 10.097/2000) os estabelecimentos de qualquer natureza, que tenham pelo menos sete empregados formais, devem contratar aprendizes, de acordo com o percentual exigido por lei. Assim, a cota de aprendizes por empresa está fixada entre 5%, no mínimo, e 15%, no máximo, calculada sobre o total de colaboradores formais.
Uma das vantagens para as empresas que aderem ao programa, é com relação aos incentivos fiscais por parte dos órgãos públicos. Por exemplo, elas pagam apenas 2% de FGTS, estão dispensadas do aviso prévio remunerado e não são obrigadas a pagarem multa rescisória nesse caso.
Entidade formadora de aprendizes
Sediada em Salvador há 14 anos, a AVSI Brasil atua na gestão de projetos sociais em diferentes áreas de desenvolvimento e emergência humanitária no Brasil e é reconhecida como entidade formadora junto ao Ministério do Trabalho e Emprego desde 2011 – tendo efetuado a capacitação de centenas de jovens aprendizes na capital.
Seu papel como entidade formadora movimenta-se pela gestão educacional do aprendiz à aplicabilidade do curso teórico. A AVSI Brasil também faz a intermediação das contratações e supervisiona o desenvolvimento dos jovens junto à empresa contratante. Desta forma, a organização faz o acompanhamento integral do processo formativo do jovem aprendiz desde o processo de seleção até o final do contrato.
