A agricultora Maria José de Lima, de 39 anos, é tão caprichosa com o seu sistema de bioágua familiar que tem despertado a atenção da equipe técnica da AVSI Brasil. O cuidado e a atenção dedicados à tecnologia social são consequências dos benefícios que o equipamento tem trazido para sua família. O sistema foi implantado em sua residência, no Sítio Caxingó, em Garanhuns (PE), entre julho e agosto através do projeto Segurança Alimentar e Nutricional para o Seminário de Pernambuco (SAN).
São apenas três meses de vivência com o bioágua, mas a tecnologia já promoveu mudanças na vida da agricultora em um quesito fundamental: a saúde do seu filho Caio, de 4 anos. O garoto conheceu o sabor de frutas e verduras que ainda não tinha experimentado e tem pedido para a mãe inserir esses alimentos nas suas refeições. D. Maria José revelou que o pequeno adorou a abobrinha e não gostou muito do sabor da alface e do coentro, mas afirma que incentivará a criança a comê-las. A agricultora também inseriu novos alimentos em sua dieta. “Aprendi com o projeto a fazer o bolo de casca de banana. Já fiz e ficou muito bom”, acrescentou Maria que participou das oficinas da educação familiar realizadas pelo projeto.
A iniciativa promoveu, entre os meses de maio e julho, oficinas de educação alimentar para as famílias beneficiárias e estudantes das escolas públicas dos cinco municípios. A ideia era sensibilizar as pessoas sobre os vilões da má alimentação e ensinar receitas fáceis, práticas e que valorizassem os alimentos regionais e aproveitando-os em sua totalidade.
Além das oficinas de educação familiar, o projeto também realizou capacitações voltadas à agroecologia e também sobre a manutenção de bioágua. Com muito zelo ao seu sistema, a agricultora o cercou e ornou o local com flores e suculentas. “Fica melhor assim, pois quando águo as plantas a água já cai no filtro biológico”, explicou. Cercado com estacas e telas, o bioágua da família também é zelado pelo seu marido, o agricultor Cláudio Santos Silva, de 32 anos, que fez leirão e que desentope o sistema de gotejamento esporadicamente.
A agricultora é responsável por limpar e aguar o quintal produtivo. Pela manhã, liga a motobomba para usar o sistema de irrigação por gotejamento e, à tarde, usa o regador por ser mais rápido. “O quintal já deu muita coisa, como abobrinha, coentro, alface, rúcula e cebolinha. Não estou mais precisando comprar verdura e quando sobra dou para a minha sogra e a irmã dela”, explicou.
A família pretende aumentar a diversidade de frutas e verduras de seu quintal, mas – como são apenas três pessoas na sua residência – a água reutilizada para o quintal produtivo ainda é pouca. “Vou plantar o que precisar de pouca água, mas pretendo aumentar a diversidade e também vender coentro na feira assim que possível”, projetou.