O projeto Além das Fronteiras Brasileiras (Más Allá de Las Fronteras) lançou a campanha “Alimentando a Esperança: Paz, Justiça e Cidadania”, na última quarta-feira (15). A campanha tem como objetivos fornecer suporte financeiro às APACs para a produção e distribuição de refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade e sensibilizar a população sobre a importância do tratamento penitenciário humanizado e da contribuição das pessoas privadas de liberdade na mitigação dos efeitos socioeconômicos da pandemia. A iniciativa é executada pela AVSI Brasil em parceria com a Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC) e cofinanciada pela União Europeia, e com apoio do TJMG e Minas pela Paz.
Desde 2020, o projeto tem adaptado suas atividades ao contexto da COVID-19. No último ano, foi realizada a exitosa campanha “Humanizar a Pena, Promover a Vida”, que proveu apoio financeiro para estruturar e fortalecer unidades de produção de máscaras de proteção em 23 APACs e sensibilizou mais de 2 milhões de pessoas sobre a importância do tratamento penitenciário humanizado.
Em 2021, com o prolongamento da pandemia e seus efeitos sobre a população, o projeto decidiu lançar a campanha “Alimentando a Esperança: Paz, Justiça e Cidadania” como uma nova medida de enfrentamento às consequências da pandemia, principalmente a insegurança alimentar, que atualmente afeta 125 milhões de brasileiros. Aderiram à campanha 17 APACs. A iniciativa almeja prover mais de 60.000 refeições para pessoas em situação de vulnerabilidade.
O webinar de lançamento da campanha contou com a presença de: Valdeci Ferreira, diretor executivo da FBAC; Déborah Amaral, gerente geral da AVSI Brasil em Minas Gerais; Dr. Luiz Carlos Rezende e Santos, juiz de direito do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, presidente do Conselho de Administração da FBAC; e do primeiro conselheiro Stefan Agne, chefe do setor de Cooperação da Delegação da União Europeia no Brasil na mesa de abertura.
No evento, Alice Faasen, representante da AVSI Brasil, apresentou as iniciativas de cooperação em rede lideradas no âmbito do projeto Além das Fronteiras para mitigação dos efeitos da pandemia de COVID-19. Já o professor, jornalista e membro do Conselho de Administração da FBAC, Tio Flávio, falou sobre a importância das ações sociais em prol da segurança alimentar durante a pandemia: “a pandemia, na verdade, veio para tirar uma cortina de algo que já existia, que era fome, miséria, abandono, preconceito. Isso foi aberto, e é uma responsabilidade não só dos movimentos voluntários, não só de governos, mas de todos nós”.
Para concluir o lançamento, foram compartilhados depoimentos das APACs que já estão desenvolvendo atividades de distribuição de alimento à população local. O recuperando Marcos Maia expressou sua gratidão e mostrou como a APAC e os projetos que ele participa dentro da Associação têm mudado sua vida: “Eu nunca tinha parado para olhar a sociedade dessa forma, eu sempre olhei só para mim mesmo, sempre para o meu umbigo, nunca me importei com o sofrimento do outro. Depois que vim para a APAC, ouvi várias palestras, conheci os voluntários, e isso sensibilizou bastante a mim e a muitos recuperandos que estão aqui. Então, essa é a forma de a gente retribuir tudo que é feito por nós, para nós, e retribuindo para a sociedade. Eu queria agradecer a todos vocês por acreditarem na gente, por estarem com a gente sempre”.
Além das Fronteiras Brasileiras
A iniciativa financiada pela União Europeia surge com o objetivo de reforçar a atuação das APACs em nível internacional. Especificamente, contribui para a criação, consolidação e fortalecimento de uma rede de organizações da sociedade civil na América Latina de cooperação internacional na promoção dos direitos humanos da população carcerária e no combate a atos de tortura, maus tratos, penas cruéis, desumanas e degradantes, a partir da experiência metodológica das APACs.
Sobre as APACs
As APACs são Organizações da Sociedade Civil que têm como objetivo a humanização das penas privativas de liberdade e a promoção dos direitos humanos das pessoas privadas de liberdade através de um trabalho voltado para sua ressocialização efetiva.
