Por Fabrizio Pellicelli
De diversas regiões do Brasil e com diferentes âmbitos de competência e atuação, se reuniram durante três dias em Salvador (BA) cerca de 80 pessoas, representando um terço dos colaboradores da AVSI Brasil, além do secretário geral e do responsável administrativo da Fundação AVSI, de Milão, representares da AVSI no Haiti e no Peru e parceiros de organizações locais. Os temas enfrentados foram diversos, como a relação entre business e desenvolvimento, o respeito dos diretos humanos na experiência das Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), a experiência de reuso das águas cinzas nas habitações de pequenos produtores familiares no Semiárido de Pernambuco, a nova colaboração regional entre AVSI Brasil e Peru.
No centro das discussões, a preocupação sobre como enfrentar a crescente violência nas áreas pobres do Brasil o papel de pessoas e de instituições educativas, como elementos de prevenção e de desenvolvimento nesses territórios, como valorizar a memória dos lugares, a beleza e a positividade que sempre existe em qualquer contexto. O testemunho do percurso de um ex-aluno que participou de obras educativas da comunidade de Novos Alagados, em Salvador, Jackson Santos Conceição, comoveu a plateia confirmando que o desenvolvimento nasce do encontro com pessoas que acompanham e “escolhem a estrada do bem e não a do mal”.
A hipótese de percurso que emergiu é que o trabalho cotidiano não deve ser pautado pela insegurança ou pelo medo – mesmo em um contexto de recessão nacional constante e de cerca 60 mil pessoas assassinadas a cada ano no Brasil –, mas pela possibilidade de gerar um novo humanismo.
Julián de la Morena, responsável do Movimento de Comunhão e Libertação na América Latina, citando o Papa Francisco, lembrou três palavras-chaves para fundar um novo humanismo: integrar, dialogar e gerar. Como retomado pelo secretário geral da Fundação AVSI no seu discurso de conclusão do evento, essas palavras podem ser aplicadas no nosso trabalho com um significado claro: integrando neste desafio vários atores para um desenvolvimento sustentável, que coloca no centro a pessoa; dialogando com a realidade em contextos diferentes do ponto de vista cultural e social, construindo pontes e não muros; favorecendo a educação de sujeitos vivos capazes de comunicar uma visão de homem diferente.
A AVSI existe para ser companhia para as pessoas que encontra, em primeiro lugar para os 318 colaboradores por meio dos quais alcança mais de 300 mil pessoas. A AVSI Brasil como ONG local é um dos sujeitos nascidos da história da Fundação AVSI nesse grande país, guardando a herança e mantendo viva sua missão, inclusive no âmbito institucional. A AVSI Brasil hoje é um ator autônomo do ponto de vista da governança e da gestão, desenvolvido do ponto de vista do capital humano e das competências profissionais, mas sempre ligada à Fundação AVSI por se reconhecer pertencente à mesma origem e com o mesmo ideal.
Agora o desafio que espera a AVSI Brasil é aquele de se lançar com entusiasmo em um trabalho pessoal e com todos os colaboradores, para contribuir ao máximo e de um modo mais dinâmico ao desenvolvimento de pessoas que encontrará em seu caminho.
*Fabrizio Pellicelli é diretor presidente da AVSI Brasil