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Conheça a metodologia de funcionamento da Casa Bom Samaritano

Desenvolvida no Centro de Acolhida, em Brasília

A Casa Bom Samaritano (CBS) foi criada para acolher, temporariamente, migrantes e refugiados venezuelanos que estão na condição de abrigados em Boa Vista (RR) e que serão interiorizados a partir de oportunidades de trabalho na região do Distrito Federal. A iniciativa faz parte do projeto Acolhidos por meio do trabalho, implementado pela AVSI Brasil em parceria do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH)/Irmãs Scalabrinianas.

O local não é um abrigo aberto à população, mas um projeto específico, com programação e metodologia apropriadas para integrar famílias que se encontram nos referidos estados e que buscam uma oportunidade de inserção em localidades diversas no país, através do projeto “Acolhidos por meio de Trabalho”, de modo a viabilizar sua inserção laboral e autonomia cidadã.

A metodologia da Casa foi desenvolvida com base no método criado pela FBAC – Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados, com o objetivo de recuperação e reintegração de presos, visando a humanização da pena.

O modelo foi adaptado ao público-alvo da Casa Bom Samaritano e tem como objetivo essencialmente contribuir para o processo de autonomia dos migrantes e refugiados, com capacitação e inserção por meio do trabalho. “Existem situações de semelhanças consideráveis da metodologia APAC utilizada pela CBS. Diríamos que as APACs e a CBS são projetos que comungam da mesma humanidade e, neste sentido, é possível aplicar parcialmente a metodologia APAC, incluindo seus elementos fundamentais”, ressaltou o coordenador da Casa, Paulo Tavares.


Atualmente, oito elementos norteiam a metodologia: participação da comunidade; migrante colaborando com migrante; trabalho; valorização humana; voluntariado; família; assistência à saúde e espiritualidade. “Além dos princípios, valores e diretrizes, o modelo de cogestão envolvendo os migrantes e refugiados venezuelanos, a equipe de trabalho da CBS e os voluntários faz toda a diferença”, acrescentou o coordenador.


A iniciativa também conta com a parceria da Fundação AVSI e AVSI-USA, com o financiamento do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos e com apoio da CNBB, que cedeu o espaço físico onde a Casa funciona.

Programa de voluntariado CBS

O programa de voluntariado da Casa Bom Samaritano (CBS) é uma oportunidade para as pessoas que desejam colaborar em um projeto social na temática do refúgio e migração e faz parte do projeto Acolhidos por meio do trabalho, implementado pela AVSI Brasil e Instituto Migrações para os Direitos Humanos (IMDH), que atua na cogestão do local. O programa conta com voluntários(as) de diversas áreas e é realizado em um turno mínimo de 4 horas semanais.

Uma dessas pessoas que fez a diferença e contribuiu com suas habilidades foi a voluntária Joyce Santos, que é graduando em Letras. “Vivi a oportunidade do voluntariado, aprendi com os migrantes e pude contribuir em uma causa social, pois sempre tive esse desejo de poder ajudar. Sempre tive interesse pelo tema migração e refúgio. Durante a minha graduação acabei me envolvendo em projetos relacionados e queria ter um pouco mais de experiência prática, vivendo de perto o contato com as pessoas. Foi muito gratificante ter participado”, relatou.

De acordo com a oficial de mobilização comunitária e voluntariado do Centro de Acolhida Casa Bom Samaritano, Bianca Abrahami, os voluntários são divididos por área de atuação. “Após essa divisão, eles são direcionados ao setor no qual vão atuar após uma formação que realizamos e exercem as mais diversas atividades. Por termos uma equipe reduzida, eles fazem toda a diferença e nos ajudam a complementar nossas atividades e ações. Temos uma metodologia em que os voluntários são o coração da Casa Bom Samaritano”, destacou a oficial.

Entre as atividades exercidas por voluntários estão: atualização do mural informativo da Casa; auxílio nas tarefas escolares das crianças; passeios; oficinas de português; oficinas de alongamento e meditação; auxílio na organização de eventos e confraternizações; cuidado com as crianças; auxílio com a sala de leitura e de doações; oficinas de laborterapia; idas à UBS (Unidade Básica de Saúde) e contato com o sistema público de saúde; atividades físicas com os beneficiários; contato com empresas e acompanhamento de entrevistas; acompanhamento de cursos etc.

Uma participante do voluntariado que está gostando muito da experiência é Carla Cadzadore. “Eu tenho dupla cidadania, também sou venezuelana. Então, sempre estive próxima a assuntos relacionados a temática dos migrantes oriundos de lá. Sempre quis ajudá-los, para que tenham mais facilidade de entrar no país e ter mais oportunidades. E o voluntariado me permitiu isso. Tá sendo muito gratificante e eu sempre convido outras pessoas a participarem”, disse.

Segundo a diretora do IMDH, Ir. Rosita Milesi, “grande parte do trabalho que foi possível realizar é mérito dos voluntários e voluntárias que nos apoiaram pelas mais diversas formas. Eles fazem uma enorme diferença na vida das pessoas e no contexto social, enriquecendo os outros com seus gestos e ações e enriquecendo a si mesmos com a beleza interior, com a cultura e com a esperança que sua dedicação faz brilhar nos olhos de quem cruza seu caminho”, pontuou.

Para a oficial de mobilização, Bianca, o voluntariado se torna ainda mais especial por uma questão pessoal. “Eu mesma já fui voluntária em várias instituições e acredito que se doar ao próximo sem buscar uma recompensa material em troca é algo muito bonito. O voluntariado traz vários benefícios, como a troca de experiência, o ganho de conhecimento, a realização pessoal. Ademais, os beneficiários valorizam bastante e criam muito carinho pelos voluntários”, finalizou.

Conheça as regras do voluntariado na Casa Bom Samaritano

1. Atuar com humanidade, neutralidade e imparcialidade; 2. Usar roupas adequadas; 3. Usar linguagem apropriada; 4. Cumprir o voluntariado conforme atividade designada; 5. Separar interesses pessoais do trabalho voluntário; 6. Não é permitido o envolvimento amoroso e/ou sexual com beneficiários; 7. Ser pontual; 8. Assinar os termos de voluntariado.