O projeto Acolhidos por meio do trabalho está completando três anos de atividades e, para destacar as principais ações realizadas neste período, produzimos uma série especial, dividida em cinco edições. Na semana passada, o destaque foi para a empregabilidade de refugiados e migrantes venezuelanos. Hoje, você vai conferir as principais ações e resultados sobre as capacitações técnicas profissionalizantes voltadas aos venezuelanos, realizadas em Boa Vista (RR), Manaus (AM), Goiânia (GO), e para a população brasileira em situação de vulnerabilidade, em Salvador (BA).
Além de intermediar os processos para interiorizações via trabalho de pessoas refugiadas e migrantes venezuelanos, o projeto Acolhidos por meio do trabalho já ofertou 16 cursos preparatórios e profissionalizantes dentro de centros de acolhida gerenciados pela AVSI Brasil, em Boa Vista (RR), ou em instituições de ensino parceiras, em outras localidades do Brasil.
Os cursos são oferecidos gratuitamente visando melhorar o domínio do português e o conhecimento sobre a legislação trabalhista, além de facilitar a inserção desta população no mercado de trabalho brasileiro. Todos os cursos contam com certificados e têm validade em todo o território brasileiro.
Até o final de setembro deste ano, o projeto já entregou 1.934 certificados para venezuelanos, sendo 1.867 em Boa Vista, em cursos de Língua Portuguesa, Preparação Laboral e técnicos profissionalizantes (Manicure, Depilação, Vendas, Operador de Caixa, Corte e Escova, Informática, Preparação de Hambúrguer, Pães, Salgados, Pizza, Instalador Hidráulico, Básico de Manutenção Automotiva e Carpintaria). Em 2022, o projeto avançou com capacitações profissionalizantes realizadas no abrigo indígena Waraotuma a Tuaranoko, considerado o maior abrigo para pessoas refugiadas e migrantes de etnias indígenas na América Latina, com o curso de Doces e Salgados, onde 20 pessoas já garantiram seus certificados; em Manaus, ofertou cursos de Assistente Administrativo e de Frentista, com 33 certificados entregues, e em Goiânia, entregou outros 14 certificados, no curso de Salgados.
Segundo a coordenadora do projeto, Diana Kraiser, os cursos para refugiados e migrantes venezuelanos proporcionam um importante momento de aprendizado do novo idioma e de conhecimentos técnicos em diversas áreas, criando não só um espaço de aprendizagem, mas de possíveis novos caminhos. “O desenvolvimento da língua portuguesa permite que mais pessoas tenham acesso a seus direitos, se inscrevam em oportunidades de trabalho e se integrem no Brasil. Já os cursos profissionalizantes, permitem validar conhecimentos que eles já possuem, mas que não conseguem comprovar através da validação de seus diplomas, por ser um processo mais lento, caro e, às vezes, inacessível. Os cursos também permitem acesso à novas oportunidades de empreendimento e acesso à renda”, avalia.
Ações para brasileiros
A população brasileira em situação de vulnerabilidade também está incluída nas ações do projeto Acolhidos, voltadas estrategicamente à população de Novos Alagados, no subúrbio ferroviário de Salvador, onde a comunidade enfrenta grandes desafios para inserção e qualificação profissional.
Em três anos, o projeto implementou 7 cursos e oficinas nas áreas de Design de Sobrancelhas, Básico de Henna e Pinça, Informática e Atendimento ao Cliente, Auxiliar Administrativo, intensivos para o Enem e Qualificação para atuar no contexto da pandemia, beneficiando diretamente 1.334 pessoas com certificados de capacitação técnica e facilitando a inserção de 106 pessoas no mercado de trabalho local. Outros 102 certificados foram entregues para jovens aprendizes, em parceria com empresas da região. As ações são realizadas no Centro de Orientação da Família (COF) e conta com profissionais que auxiliam os alunos na busca de uma vaga de emprego durante o período do curso, além de ajuda-los na construção e compreensão do currículo. O espaço também realiza ações comunitárias, como a Semana do Protagonismo, aberta à comunidade, com opções de minicursos e workshops. 111 certificados de participação já foram entregues para participantes em seis ações realizadas neste período.
Para Débora Oliveira, coordenadora de formação técnica do projeto Acolhidos, em Salvador, esses resultados se devem a uma proposta que não é pautada apenas em ensino técnico. “Consideramos a realidade de cada pessoa e acompanhamos o seu percurso formativo. Na descoberta de suas habilidades e identificações, é possível que os alunos se encontrem no mundo, em si mesmos e consequentemente no trabalho. Assim, forma-los para incluir em vagas de trabalho perpassa a formação humana e cidadã e desenvolvimento da autoestima. Ofertar cursos para pessoas em situação de vulnerabilidade gera pontes que ligam o despertar do eu e a ampliação de visão e oportunidades”, avalia.
O projeto Acolhidos por meio do trabalho tem o envolvimento do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), da Fundação AVSI e AVSI-USA e é financiado pelo Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos EUA, além do apoio institucional da Casa Civil da Presidência da República, da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Organização Internacional para as Migrações (OIM), Rede Brasil do Pacto Global e de entidades da sociedade civil que atuam na temática do refúgio e da migração.
Confira na próxima edição #EspecialAcolhidos3anos: Santa Catarina é o estado com o maior número de contratações de refugiados e migrantes venezuelanos intermediadas pelo projeto Acolhidos por meio do trabalho