Eu vivia na Ilha de Margarita, na Venezuela. Minha família estava mal economicamente, por isso era muito difícil conseguir comida. A princípio, fomos para Santa Helena, também na Venezuela, na busca de alimentos para levar para casa, porém, a situação na cidade começou a ficar muito pior do que em Margarita.
Era uma tristeza, a gente via pessoas na rua brigando para poder comer lixo. Como não conseguíamos pagar pelos alimentos, decidimos ir em busca de ajuda no Brasil. Em meio a tudo isso, eu também passava por problemas de saúde. A minha frequência cardíaca era muito baixa e as artérias do coração obstruídas.
Viver em um abrigo é um choque de emoções. Fazemos coisas que não estamos acostumados, como conviver e dividir as coisas com muitas pessoas. Essa experiência me ensinou a ser mais tolerante e compreensivo, é como uma escola de superações.
Para mim, a AVSI está realizando um grande trabalho. Graças a organização, eu consegui as ferramentas com que trabalho hoje, como carpinteiro. O trabalho no abrigo não é uma tarefa fácil, mas os colaboradores da AVSI têm cumprido muito bem. Eles nos preparam para viver em outro país, ajudando a superar antigos costumes e traumas.
O abrigo é como uma catapulta, uma oportunidade que nos impulsiona a viver o novo. Através do projeto, consegui a oportunidade de ir para outro estado com casa e trabalho, mas nada disso aconteceria se eu e minha família não tivéssemos passado pelo abrigo. Esta iniciativa ajuda as pessoas que possuem necessidades inimagináveis e que passaram por situações terríveis. A Operação Acolhida e a AVSI Brasil são a mão amiga que precisamos para superar esse momento.