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Encontro com criador da APAC inspira e fortalece a parceria com AVSI

Um relato de amor e misericórdia do homem que ousou ir contra um sistema prisional tradicional na década de 70, para criar um método de humanização das prisões

“Continuo acreditando que ninguém é irrecuperável, não tenho dúvida, nenhuma criança nasce com armas, ela aprende isso através de uma sociedade egoísta e desumana.”

Aos 84 anos e com a mesma convicção de 40 anos atrás quando gerou um método inovador de recuperação do homem em cumprimento de pena, o jornalista e advogado Mário Ottoboni recebeu a AVSI Brasil e convidados para falar sobre a importância do trabalho da APAC na sociedade.

Formada por Fabrizio Pellicelli, diretor presidente da AVSI Brasil, Paula Alves, assessora da diretoria, além de Silvia Caironi e a advogada Paula Albernaz, o grupo se reuniu com Ottoboni na última segunda-feira (13), em sua residência na cidade de São José dos Campos (SP).

Foi em São José dos Campos, a cerca de 70km de distância da capital paulista, onde o método APAC surgiu. Em 1972, Ottoboni iniciou um trabalho de assistência aos presos da região junto a um grupo de amigos, através da Pastoral Carcerária. Perceberam que era preciso um percurso educativo com o preso, a família, o juiz da comarca e a sociedade para oferecer um futuro diferente àquelas pessoas encarceradas. Através de estudos, visitas e momentos de diálogo com presos e agentes do sistema prisional, organizou o método pioneiro com os 12 elementos essenciais para a ressocialização efetiva, visionando um presídio sem a presença de policiais e armas, gerido pelos próprios presos e a comunidade.

Com muita clareza sobre a essência por trás da obra APAC e sua relevância diante de uma sociedade que parece caminhar no sentido oposto, Ottoboni relatou as principais dificuldades encontradas ao longo do percurso e manifestou o desejo de ver as APACs crescerem:  “As APACs não vieram para mim ou para você. As APACs vieram para os pecadores e aí se encontra seu grande legado”, disse Ottoboni.

O fundador do método APAC ainda relacionou sua obra à misericórdia, tema definido pelo Papa Francisco como central em 2016. Para Ottoboni, apesar da contemporaneidade do assunto, as APACs trabalham a misericórdia desde a sua fundação, por enxergarem ser esse o único caminho: o perdão, acima de qualquer circunstância.

Os relatos foram gravados e serão organizados em pequenos vídeos para a mostra das APACs que está sendo organizada pela AVSI para o Meeting de Rimini. O Meeting é um dos maiores eventos da Europa, onde a cada ano participam personagens da política, da economia, representantes das mais diversas religiões e culturas, intelectuais e artistas, desportivos e protagonistas do cenário em nível mundial. Este ano o título do evento é “Você é um bem para mim”, e será realizado entre 19 e 25 de agosto.

Na oportunidade, cerca de 800 mil pessoas de 70 países diferentes, poderão conhecer melhor o trabalho criado por Ottoboni e permeado pela Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC) no sistema prisional de Minas Gerais, com 39 APACs em funcionamento e outros 10 estados envolvidos na temática.