A equipe do projeto Segurança Alimentar para o Semiárido de Pernambuco participou, nesta quinta-feira (26), do intercâmbio de experiências sobre os bioáguas construídos pelo Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga). A organização, desde 2009, vem construindo bioáguas no Sertão do Araripe com apoio do Instituto HSBC de Solidariedade (IHS).
A primeira visita foi realizada na Escola Rural de Ouricuri (ERO), na comunidade de Lagoa do Urubu, que há um mês convive com um bioágua. Mesmo em fase de adaptação na escola, a tecnologia social vem ajudando os alunos a compreenderem a importância da convivência com o semiárido e da agroecologia.
Segundo Diolando Saraiva, técnico do Caatinga, a construção do bioágua na escola fomenta a discussão interdisciplinar sobre as conquistas que ainda não são vivenciadas na área rural. “O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um grande exemplo. Temos a lei, mas ela ainda não é realidade em todas as escolas. Incentivamos os alunos a consumirem alimentos agroecológicos e a perceberem que eles poderão produzir alimentos para o PNAE quando adultos, garantindo assim uma renda maior”, explicou Saraiva.
A geração de renda através do reuso da água já é uma realidade na vida da agricultora Maria do Socorro Neto, do Sítio Dourado, em Parnamirim. Graças ao sistema, a agricultora reutiliza as águas cinzas geradas pela sua família e pela casa vizinha. De acordo com a agricultora, o bioágua fornece 1.000 litros de água em dias alternados. Essa água filtrada é conduzida para uma torneira e utilizada para aguar regularmente seu viveiro de 15 mil mudas, que são vendidas para empresas e organizações que promovem a agroecologia.
Durante o Intercâmbio, a equipe do projeto tirou dúvidas sobre os equipamentos que podem ser adaptados a partir da realidade de cada região e sobre o processo de irrigação por gotejamento do sistema, etapa importante para a manutenção do quintal produtivo que fornecerá alimentos para as famílias agricultoras. Segundo Adriana Gouveia, coordenadora de obras e mobilização, mesmo sendo uma tecnologia em desenvolvimento o sistema pretende contribuir com a segurança alimentar, o fortalecimento e a disseminação dessa tecnologia social de convivência com o semiárido.