Duas famílias de migrantes e refugiados venezuelanos, desembarcaram em Brasília, neste mês, para iniciar uma nova fase a partir de oportunidades de trabalho. Duas pessoas, uma de cada família, foram contratadas para começar a trabalhar numa empresa varejista do ramo de materiais de construção no Distrito Federal. O grupo integra nove pessoas no total, incluindo crianças.
A oportunidade de emprego surgiu a partir de uma parceria entre o grupo Coqueiro, que abriu o processo seletivo em Roraima, e a organização humanitária Refúgio 343, responsável pela seleção dos candidatos, bem como por sua capacitação para o novo emprego. Entre outras atividades, os contratados tiveram acesso a aulas de português, informática e adaptação cultural, além de capacitações técnicas. A interiorização tem o apoio da AVSI Brasil, através do projeto Acolhidos por meio do trabalho – e prevê moradia temporária e acompanhamento social por três meses para todo o grupo.
Os dois venezuelanos contratados começam as atividades no início de novembro. Eles já concluíram todas as etapas do processo seletivo e estão com as documentações e vacinas em dia. A empresa também vem adotando todas as medidas preventivas contra a Covid-19 em seu quadro de colaboradores, como controle de higienização, uso de máscaras, aferição de temperatura diária.
Willy Henriquez é um dos contratados. Ele e sua família, a esposa Belisabeth e seus filhos Jorbelis (14) e Pedro José (12), foram acomodados numa residência temporária próximo à empresa, na região de São Sebastião. “Estamos muito agradecidos pela oportunidade. E bem felizes”, disse a esposa, emocionada ao conhecer a nova moradia. A família migrou para o Brasil há aproximadamente dois anos e estava num dos abrigos para migrantes venezuelanos, em Boa Vista (RR). A partir de agora eles serão acompanhados por um assistente social – previsto no projeto Acolhidos por meio do trabalho – que dará suporte por três meses para a adaptação local da família junto à comunidade, bem como para facilitar as informações de acesso aos serviços básicos, como saúde e educação.
Para Katia Limp, diretora do Grupo Coqueiro, acolher, promover, proteger e integrar os migrantes é uma missão social. “Queremos que eles se sintam parte da família Coqueiro e percebam que queremos integrá-los totalmente em nossa comunidade. Nossos funcionários foram envolvidos no processo e, com muito carinho, prepararam tudo para a chegada das famílias. Acredito que, se cada um fizer sua parte, não fica pesado para ninguém e essas famílias e crianças terão uma nova oportunidade para seguir adiante. Incorporar pessoas de diferentes realidades e culturas só engrandece a nossa equipe e nos faz valorizar ainda mais as oportunidades que recebemos diariamente”, avalia.
Crise na Venezuela
A Venezuela enfrenta uma intensa situação política, econômica e social, que foi reconhecida pela comunidade internacional como uma crise humanitária. Como resultado dessa crise, desde 2018 milhares de venezuelanos fugiram pela fronteira brasileira em busca de abrigo, gerando pressões sociais e econômicas no estado de Roraima, especialmente nas cidades de Boa Vista e Pacaraima. Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) o Brasil é o quinto maior anfitrião de venezuelanos deslocados no mundo. Até dezembro de 2019, mais de 260 mil refugiados, solicitantes de asilo e migrantes temporários estavam no país. Cerca de 70% estavam em idade laboral, sendo que, deste total, 10% estavam empregados formalmente em dezembro de 2019.
Sobre o Grupo Coqueiro
O Grupo Coqueiro foi fundado em 1991, na cidade de São Sebastião, região administrativa de Brasília. Atualmente o grupo possui 15 lojas que atuam no varejo de materiais de construção no Distrito Federal e em Goiás. A empresa está sempre atenta ao lado social e atua em vários projetos através do seu Castelo Cultural e do Grupo de Voluntários da Alegria.
Sobre o Refúgio 343
O Refúgio 343 é uma organização humanitária dedicada a resgatar família venezuelanas refugiados no Brasil, por meio do processo de interiorização: uma estratégia de deslocamento planejado para outros estados brasileiros, que visa à reinserção socioeconômica dessas famílias no país. O processo é apoiado por pessoas da sociedade civil e empresas parceiras que assistem a cada uma das famílias interiorizadas em três pilares – Emprego, Saúde e Educação – garantindo o sucesso da interiorização.