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JOVEM VENEZUELANA ESCOLHEU O BRASIL PARA TER O SEU PRIMEIRO FILHO E CRESCER PROFISSIONALMENTE

Gradiexi mora com o filho de dois anos numa casa alugada que consegue manter a partir do seu trabalho em Boa Vista

Jovem, professora, mãe solo e muito persistente nas suas escolhas. Essas são algumas características da venezuelana Gradiexi (28), que resolveu deixar o seu país de origem em busca de novas oportunidades profissionais e para garantir um futuro melhor para o seu filho, que estava prestes a nascer.

Grávida de seis meses, ela e sua mãe migraram para o Brasil, em 2018, em decorrência da forte crise econômica pela qual o seu país passava. Na época elas moravam na cidade de Maturín, em Monagas, e aproveitaram a proximidade com Pacaraima para concretizar a viagem. “Escutávamos outros venezuelanos que já estavam no Brasil, e nos deram boas referências, por ser o país com maior ajuda humanitária aos venezuelanos, o que nos motivou muito a seguir para cá. Também queríamos ficar legalmente no país e sabíamos que no Brasil seria possível regularizar toda nossa documentação”, relembra.

Logo que chegaram em Boa Vista, elas moraram na casa de alguns conhecidos venezuelanos, que já estavam há mais tempo no Brasil. Depois também moraram na casa de uma família brasileira, onde colaboravam com a manutenção da casa, porém depois de um tempo, e com a mãe retornando para a Venezuela, Gradiexi resolveu procurar um abrigo, pois não podia mais ajudar com as despesas da casa onde estava. Então ela conseguiu um lugar no abrigo Rondon 1, onde viveu com o seu bebê, por seis meses. “Depois que consegui um emprego, saí do abrigo e hoje moro no centro da cidade de Boa Vista, com Juan Diego, hoje com 2 anos, numa casa alugada. Quando saio para trabalhar, ele fica com uma babá, que também consigo pagar com o meu salário”, afirma.

Formada com o título de Bacharel em Pedagogia, Gradiexi trabalhou em duas escolas privadas e uma pública, como professora do ensino primário na Venezuela. No Brasil, conseguiu um emprego formal na AVSI Brasil, onde atua como facilitadora em duas frentes de trabalho, como apoio em cursos propostos para venezuelanos em Boa Vista e auxiliando nos processos de interiorização de migrantes e refugiados para outras regiões. As ações são realizadas pelo projeto Acolhidos por meio do trabalho, que visa apoiar a integração socioeconômica de venezuelanos no Brasil.

“É muito gratificante poder exercer uma função que ajuda outros venezuelanos, pois uma das principais barreiras para quem chega aqui é a questão do idioma. A minha chegada no Brasil, por exemplo, foi difícil pelo simples fato de não dominar o português. Não conseguia um trabalho. Então tive que me dedicar muito aos estudos para dominar a fala. Coloquei todo o meu esforço para aprender sozinha, através de leituras, música e conversação.

Para o futuro, Gradiexi pretende manter a estabilidade profissional no Brasil e desta forma, garantir um futuro melhor para o filho. “Volto para a Venezuela só com a condição de visitar parentes, mas minha vida agora é aqui. Acredito que o Brasil é um país de oportunidades. É um lugar que me abriu as portas para um futuro, e me sinto grata por essa terra cheia de graça que me acolheu num momento tão delicado da minha vida”, revela.

A próxima meta da venezuelana é prestar vestibular na Universidade Federal de Roraima, onde pretende uma vaga no curso de Jornalismo. “A prova será em fevereiro. Eu gosto muito de me comunicar e sou muito aplicada em redação. Seria mais um sonho alcançado”, diz confiante.