Presente em maior número no estado de Minas Gerais, as unidades prisionais APAC, caracterizadas pela ausência de polícia, tem despertado um interesse crescente em outros estados brasileiros como uma alternativa ao sistema prisional convencional. Para conhecer o programa e entender a metodologia, nos dias 23 e 24, representantes do estado do Ceará visitaram as instalações de uma unidade na região metropolitana de Belo Horizonte, acompanhados da equipe do projeto Além dos Muros.
O comitê do estado foi composto pela vice-governadora do Ceará, Maria Izolda Cela de Arruda Coelho, pelo secretário da Justiça, Hélio das Chagas Leitão Neto, e pelas assessoras Gilvana Linhares e Aline Miranda. O interesse do governo cearense surgiu a partir da participação da AVSI e do TJMG no seminário organizado pelo BID em Brasília , no qual o método APAC foi apresentado para diversos estados brasileiros.
Os representantes foram guiados na visita pelos próprios recuperandos e conheceram as dependências e o sistema aplicado nas APACs masculina e feminina em Itaúna (MG). Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais foram recebidos pelo presidente da Casa, deputado Adalclever Lopes, e pelo deputado Durval Ângelo, que ressaltaram a importância do método APAC para Minas.
O coordenador executivo do programa Novos Rumos, desembargador José Antônio Braga, e o desembargador Jarbas Ladeira, também estiveram com a delegação e puderam conversar sobre as parcerias para o sucesso das APACs e a divulgação do método e do financiamento dos estabelecimentos prisionais. Durante o encontro, Jarbas Ladeira destacou a importância da efetivação de todo o trabalho de ressocialização.
Representantes da AVSI, do governo do estado de Minas Gerais e da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), parceiros na consolidação das APACs, acompanharam as reuniões e visitas, que deram origem a um plano preliminar de implantação da APAC no estado do Ceará.
“Este é um exemplo muito inspirador, um exercício de cidadania. Coisas aqui implementadas como metodologia deveriam existir nas escolas, nos grupos sociais. Se existisse um tipo de funcionamento assim, com esses princípios, a forma como a responsabilidade é compartilhada, como cada um é chamado a fazer a parte que lhe cabe, nossa sociedade seria muito melhor”, declarou a vice-governadora.
Sobre a possibilidade de implementação no Ceará, a representante comentou: “Eu espero, e é uma intenção nossa, que possamos levar esta semente tão valiosa para o nosso estado, e que esta possa se frutificar cada vez mais”.