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O rosto do refugiado: conheça a história da venezuelana Ingrid del Carmén

Casada há 23 anos, Ingrid veio para o Brasil após dificuldades para cuidar da saúde da filha que é autista

Ingrid Del Carmén tem 46 anos e morava na cidade de Caracas, na Venezuela, com suas 5 filhas e o esposo, com quem é casada há 23 anos. Por conta da crise humanitária do país, eles decidiram migrar para o Brasil em busca de uma melhor condição de vida. “A cada dia a situação ficava mais complicada, e comíamos menos. Três dos meus filhos começaram a apresentar problemas de desnutrição. Vendemos nossa casa e decidimos vir para o Brasil”, conta a venezuelana.

Outro aspecto que influenciou a decisão de Ingrid foi o fato de ter uma filha autista, que precisa de cuidados e remédios especializados e, com a crise na Venezuela, era difícil continuar o tratamento.

O percurso não foi fácil, e a venezuelana conta que o medo foi o sentimento mais presente durante o trajeto. Ao passarem pela fronteira, encontraram o primeiro abrigo em que seriam acolhidos: “chegamos em um abrigo em Pacaraima, onde ficamos por 15 dias, mas não podíamos ficar por muito tempo, pois lá só aceitavam mães solteiras e filhos. Por isso, meu marido não podia ficar lá. Ele dormia na rua”.

Em busca de um novo local para ficar, a família se cadastrou no abrigo BV8, em Pacaraima, que acolhe pessoas com interesse na modalidade de pernoite, mas, por conta da filha, foram transferidos para o abrigo Pricumã, em Boa Vista, que acolhe famílias com necessidades especiais.

Atualmente, dentro do abrigo, Ingrid ajuda com a limpeza e organização do local. “Minha atividade favorita é ajudar na limpeza do abrigo, manter tudo limpo e confortável para a comunidade. Além disso, ajudo no projeto de costura e na organização de materiais”.  

Os planos para o futuro agora incluem conseguir uma oportunidade para sair do abrigo e proporcionar o encontro das netas com a filha. “Meu maior plano agora é ajudar minha filha a se reunir com minhas netas, pois elas não se veem há três anos e sentem muita falta da mãe. Estou muito feliz com a minha estadia no abrigo, mas espero que seja uma estadia transitória”, conclui Ingrid.