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Projeto Libélula conclui percurso formativo na APAC Feminina de Belo Horizonte

O evento marcou o encerramento do sexto percurso realizado pela AVSI Brasil, com foco na formação humana e técnica de mulheres privadas de liberdade.

A APAC Feminina de Belo Horizonte realizou, em 17 de dezembro, a cerimônia de conclusão do sexto percurso formativo do Projeto Libélula, iniciativa da AVSI Brasil em parceria com a FBAC. A formatura teve como objetivo a entrega dos certificados de conclusão para as 29 mulheres em cumprimento de pena privativa de liberdade que participaram da Formação Humana e da Formação Técnica, além de comemorar o êxito do percurso. 

Nesta edição, o propósito da capacitação técnica foi qualificar as mulheres na costura, com foco na confecção de peças íntimas. A escolha se deu para possibilitar que as recuperandas produzam roupas para uso interno e utilizem as técnicas aprendidas para trabalhar quando estiverem em liberdade.

A celebração foi conduzida por uma mesa de mulheres que representaram todas as que trabalharam para possibilitar o curso na unidade. Por esse motivo, o momento foi repleto de emoção, falas de agradecimento e encorajamento, tanto das representantes quanto das 29 recuperandas participantes.

Os discursos das autoridades presentes demonstraram a relevância da realização do Projeto para evidenciar a necessidade de se dar especial atenção às mulheres que cumprem pena privativa de liberdade, uma vez que elas têm necessidades distintas em relação aos homens.

Segundo Gabriela Consolaro, consultora de direitos humanos da AVSI Brasil, a cerimônia de conclusão do percurso formativo do Projeto Libélula visa estabelecer um sentimento de pertencimento nas recuperandas, contribuindo para experimentarem a sensação de concluir um curso e desenvolvam ainda mais responsabilidade e comprometimento em sua trajetória profissional. “O momento celebrativo é organizado da melhor maneira possível pela equipe administrativa da APAC, de modo que se crie uma atmosfera diferenciada para a ocasião, uma vez que as mulheres envolvidas residem e vivem os atos da vida cotidiana no mesmo local”, afirma.

A cerimônia contou com a participação de aproximadamente 40 pessoas, entre formandas, equipe administrativa e representantes da AVSI Brasil, APAC e FBAC, e está fortemente ligada aos princípios de atuação da AVSI Brasil, que acredita no potencial de mulheres em situação de vulnerabilidade social, promovendo oportunidades de profissionalização e uma formação humana voltada para o resgate do protagonismo no próprio desenvolvimento.

A “abertura para as emoções” foi o tema central deste evento, que se destacou como um local de compartilhamento de emoções e acolhimento vindo de todas as participantes. Também foi reservado um instante especial para expressar gratidão aos membros da equipe administrativa da APAC de Belo Horizonte, que sempre se colocam à disposição para a execução das propostas de atividades sugeridas pela equipe da APAC Feminina.

“O curso revelou que tenho que aprender sempre mais sobre mim mesma, elevar minha autoestima, ter autoconhecimento, buscar ter discernimento e empatia. Que devo sonhar alto, quem sabe ser uma empreendedora, mas não desistir dos meus sonhos, planejá-los com os pés no chão, traçar metas conforme a realidade e buscar ter satisfação em cada pequena conquista.”, relata Déborah Almeida, recuperanda em cumprimento de pena privativa de liberdade na APAC Feminina de Belo Horizonte.

O Projeto Libélula ultrapassa a mera instrução de uma profissão, proporcionando um extenso caminho de formação. Isso possibilita às recuperandas das APACs Femininas de Minas Gerais um entendimento aprofundado de si mesmas, ultrapassando a atual condição de cumprimento de pena em que se encontram. Ademais, possibilita um entendimento sobre o que é ser mulher, os direitos que as mulheres têm, como elas podem exercer sua cidadania e se capacitar para empreender, assegurando renda e independência.

Desde 2010, a AVSI desenvolve projetos voltados à justiça e à prevenção da violência, promovendo os direitos humanos de pessoas privadas de liberdade e transferindo metodologias de humanização da pena em diversos países da América Latina. Desde 2011, atua no apoio às APACs, abrangendo diferentes frentes coordenadas pelas APACs e pela FBAC. O percurso formativo do Projeto Libélula destaca-se por integrar a humanização da pena, ainda pouco reconhecida por parte da sociedade como ferramenta para fomentar a segurança pública e garantir direitos fundamentais.