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VENEZUELANO INTERIORIZADO CONTA COMO é VIVER LONGE DA FAMíLIA

Há seis meses no Brasil, Keyber Onecil fala sobre sua adaptação país e a distância dos familiares

Até o ano de 2008 Keyber Onecil, 34, tinha uma vida relativamente estável na Venezuela. Com o ensino médio concluído, trabalhava para se manter e vivia perto dos dois filhos, com acesso à saúde e à educação. Segundo ele, a partir de 2009 a situação do país foi se modificando e com isso teve que se readequar a uma nova realidade. Depois de alguns anos sem emprego e sem novas perspectivas de trabalho, resolveu migrar para o Brasil a procura de uma oportunidade que garantisse o sustento da família. A decisão foi cruzar a fronteira entre o Brasil e Venezuela, passando por Pacaraima, onde permaneceu por um mês e depois seguiu para Boa Vista, onde ficou mais um mês.

A oportunidade tão esperada surgiu em janeiro deste ano quando ele preencheu um cadastro oferecido pelo Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR) para disputar uma das 86 vagas abertas por uma empresa catarinense. Keyber passou por um processo seletivo, realizou uma entrevista e foi aprovado para começar a trabalhar na região Sul do Brasil. A interiorização de Roraima para Santa Catarina ocorreu em fevereiro, através de uma parceria entre o SJMR e a AVSI Brasil, com o projeto Acolhidos por meio do trabalho, oferecido para migrantes e refugiados venezuelanos.

“Tive um pouco de dificuldade com o idioma no início. Também foi um período para me acostumar com a cultura e os costumes no novo país, porém a recepção dos brasileiros foi muito positiva e me ajudou muito neste momento”, relembra o venezuelano. Para Keyber, a maior dificuldade neste processo é estar longe da família. “A decisão de deixar o país não é fácil. É muito difícil levantar cedo pela manhã e não ter os filhos por perto, nem seu pai ou sua mãe para poder dar um abraço e um beijo. Tenho muitas saudades, porém foi preciso para nossa sobrevivência”, relata.

Hoje Keyber já conseguiu alugar uma casa em seu nome na cidade de Arvoredo, distante 25 quilômetros de Seara, onde continua trabalhando. Ele divide a casa com outro venezuelano, também interiorizado pelo projeto Acolhidos por meio do trabalho. “Se a situação econômica no meu país melhorar, posso voltar um dia, caso contrário, penso em ficar no Brasil, onde consegui me reestabelecer. Sou muito grato a equipe da AVSI Brasil. Sua atuação é excepcional conosco”, avalia.

O projeto

Acolhidos por meio do Trabalho é implementado pela AVSI Brasil e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), com o envolvimento da Fundação AVSI e AVSI-USA e financiado pelo Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM) do Governo dos Estados Unidos. Entre as principais ações, o Acolhidos por meio do trabalho prevê a colocação no mercado de trabalho e interiorização de venezuelanos adultos com suas famílias, além da colocação no mercado de trabalho de brasileiros em situação de vulnerabilidade social; e cursos preparatórios vinculados ao mercado de trabalho e de língua portuguesa e formação em direitos e deveres laborais, entre outros aspectos.